sexta-feira, 1 de abril de 2016

Jesus como sacerdote e sacrifício em Daniel 8 e 9

Jesus como Sacrifício


            O pacto que Deus faz com o Seu povo, é um pacto baseado no amor e entrega por vontade própria, sem coacções nem restrições.
            Daniel no capítulo 9, reconhece o poder de Deus, a Sua santidade e Seu amor pelo povo Israelita e que os israelitas pecaram se desviando do plano de Deus. Através do conhecimento que Daniel tem da misericórdia e amor de Deus por Seu povo, ele ora esperando com grande esperança que Deus ouça a sua oração e responda, pois ele reconhece a injustiça humana, em comparação com a justiça e perfeição divina e o santuário é a fonte da sua esperança e a certeza do amor de Deus por Seu povo.

Moisés disse que o povo seria abençoado em obediência a essas leis, mas que cairia em maldição como resultado da desobediência, mas essa também é uma função do julgamento de Deus contra o pecado[1]

            Enquanto que o capítulo 8 de Daniel menciona os aspectos gerais da História Universal, o capítulo 9 se preocupa mais em falar sobre o povo de Deus.
William Shea diz em seu livro The Abundant Life Bible Amplifier - Daniel 7-12, que o povo de Judá alcançará o objectivo de voltar para a sua terra dentro do período de setenta anos, que Deus assumiria sua responsabilidade e que a parte do povo Israelita era terminar com a transgressão e colocar fim ao pecado, porque a transgressão é a rebelião contra Deus. A palavra pecado se refere em termos a natureza pecaminosa.[2]
            O povo Israelita tinha como objectivo ser uma nação que emanasse a luz da Palavra de Deus ao mundo, portanto, tinham que se purificar para criarem uma sociedade a mais justa possível, preparando assim as condições propícias para vinda do Messias. Para que isso acontecesse, Deus enviou profetas ao povo de Israel. O final das setenta semanas termina no ano 34 d.C com o discurso de Estêvão, este discurso tem como objectivo fazer uma retrospectiva do que Deus fez por Seu povo e como Ele tem actuado, quando Estêvão menciona a construção do templo, ele faz a aplicação do templo (edifício) com o templo espiritual, Jesus Cristo ressurrecto. Os sacerdotes apesar de terem visto os milagres realizados por Jesus, não o reconheceram como o Messias e mesmo depois de ressuscitado não creram, rejeitando o discurso de Estêvão, rejeitaram a última oportunidade de continuarem sendo o povo escolhido de Deus.




[1] SHEA, William. The Abundant Life Bible Amplifier- Daniel 7-12. Idaho, Pacific Press, 1996
[2] Ibiden

quinta-feira, 31 de março de 2016

O Santuário Purificado em Daniel 9

Em Daniel capítulo 9, nos versículos 24-27 encontramos a profecia que menciona a vinda do Messias e a purificação do santuário, apontando para uma esperança, em meio ao juízo divino, porque segundo William Shea, em seu livro Estudios Selectos sobre Interpretación Profética, ele menciona que a morte de Cristo simboliza o fim dos sacrifícios de animais, e purifica o santuário, porque já não é preciso fazer o ritual do dia da expiação, porque Cristo tudo providenciou para a Humanidade.

“1. Predisse o tempo da vinda do Messias v.25
2.Predisse que seria quitado, ou seja, assassinado v.26
3.Predisse que levaria o sistema sacrificial a seu fim v.27
4.Predisse que confirmaria o pacto a muitas pessoas em seu ensino e ministério v.27
5.Predisse que faria a grande expiação pela iniquidade v.24
6.Predisse que por fazer esta grande expiação pela iniquidade traria a justiça que perdura v. 24
7.Predisse que um santuário novo, incluído um celestial seria ungido ou dedicado para sua grande obra como nosso Sumo-Sacerdote v. 24-25.
Todas as especificações desta profecia com respeito ao Messias se cumpriram na vida, morte, ressurreição e ascensão de Jesus. Ele chegou a ser o centro e foco desta profecia e tudo o que gira ao redor do Seu coração é uma profecia messiânica[1]

Estes versículos têm o objectivo de transmitir que a perseguição terminaria e que os pecados cheios de culpa serão expiados, a justiça eterna introduzida, a visão profética confirmada e o Santo dos Santos ungido.[2] A última frase do versículo 24 também cita uma acção messiânica. Se refere a unção do lugar santíssimo, as palavras utilizadas nesta frase, são utilizadas sempre em relação com o santuário, segundo indica estudos do Antigo Testamento e não se refere ao Messias.
            Jesus foi ungido como Messias quando foi baptizado, pois o Espírito Santo desceu sobre Ele e Deus o Pai

Então veio Jesus da Galileia ter com João, junto do Jordão, para ser baptizado por ele.
Mas João o impedia, dizendo: Eu é que preciso ser baptizado por ti, e tu vens a mim?
Jesus, porém, lhe respondeu: Consente agora; porque assim nos convém cumprir toda a justiça. Então ele consentiu.
Baptizado que foi Jesus, saiu logo da água; e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito Santo de Deus descendo como uma pomba e vindo sobre ele;
e eis que uma voz dos céus dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.[3]

 O versículo 26 nos diz:

E depois das sessenta e duas semanas será cortado o Messias, mas não para si mesmo, e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário e o seu fim será com uma inundação e até o fim haverá guerra; estão determinadas assolações.[4] 

            O versículo menciona, “mas não para si mesmo”, o que nos mostra que Jesus foi rejeitado, porque os sacerdotes e a maioria da opinião pública pensavam que o Messias príncipe, conquistaria o poder através da força militar e política, por causa disso, Ele foi rejeitado e crucificado.
            A palavra nagid, significa príncipe, no sentido de governador. Jesus é o príncipe mencionado nesses versículos, porque a invasão romana só é mencionada no versículo 27, quando diz:

Sobre a asa das abominações virá o assolador; e até a destruição determinada, a qual será derramada sobre o assolador.[5]

            A abominação simboliza Roma Imperial e a assolação simboliza Roma Papal.
No versículo 27 é profetizado com um pouco mais de detalhe a data em que o Messias viria. O profeta Daniel diz que “Ele fará o pacto com muitos por uma semana”, porque o sistema do santuário continua em vigor, através do sacrifício do Messias, porém para a mentalidade israelita, é necessário dizer que se cortará, pois, desta forma, o antigo pacto já não tem valor e o novo pacto entra em vigor. Normalmente entre os homens da antiguidade, para se renovar os pactos eles quebravam as tablilhas que continham o antigo pacto e escreviam uma nova tablilha, ou com o mesmo pacto renovado por mais algum tempo, ou escreviam um pacto novo e este entrava em vigor, em termos do plano da salvação, apesar de ser uma reconfirmação do pacto anterior, para eles entenderem melhor, Deus dá a impressão de ser um novo pacto, para que eles vejam que os símbolos já não terão valor, quando Cristo fizer o sacrifício supremo, Sua morte na cruz.
Cristo quando veio à Terra, Ele tentou ampliar o significado dos preceitos dados por Deus, para que as pessoas se apercebam que os preceitos, não são apenas regras que têm que ser cumpridas, porém existem para o nosso bem e para nossa protecção. A grande falha dos Israelitas foi não ter reconhecido Jesus, como o Messias anunciado no Antigo Testamento, pois no sacrifício de Jesus se cumpre todos os simbolismos do Antigo Testamento, a grande oferta de Deus para a Humanidade, que o povo israelita rejeitou. Mesmo depois da morte de Cristo em 31 d.C até o apedrejamento de Estêvão em 34 d.C, Deus deu a oportunidade para que os israelitas aceitassem Jesus como o Messias e continuasse sendo o povo escolhido, visto eles terem rejeitado Jesus como o Messias, actualmente o povo escolhido de Deus, não é a nação israelita, mas toda a pessoa que acredita em Cristo, chamado o Israel espiritual, para um israelita pertencer ao actual povo de Deus, deve aceitar a vida, morte e ressurreição de Cristo. 
A abominação e assolação neste versículo, segundo William Shea, são em termos históricos

A assolação foi causada pelo exército romano e a abominação foram as situações que precederam a sua destruição e assolação. As tropas quebraram as defesas do norte da cidade, um contingente das tropas da Judéia se retiraram para o templo, puseram fogo e deste modo, a profecia se cumpriu[6]

Em todas as situações históricas do povo de Israel, quando ele se afastava de Deus, vinham nações e lhe conquistava, este era o seu castigo, porque não obedeceu aos preceitos divinos, pois a misericórdia de Deus tinha chegado ao seu limite e o povo não escutou suas admoestações, porém por sua vez, cada nação que conquistava Israel, também tinha o seu castigo da parte de Deus, por haver conquistado o Seu povo escolhido. O Império Romano ainda não recebeu o seu castigo, porque o Império Romano em realidade ainda não terminou, porque estamos sob o governo da Roma Papal.

Em Hebreus mostra que o Dia da Expiação começou na cruz, Hebreus não está preocupado com a questão de tempo, mas se concentra na grande suficiência do Calvário[7]

            Se Jesus não tivesse dado a Sua vida por nós, a representação terrena do santuário, não teria valor e como consequência o Dia da Expiação e a volta de Jesus.





[1] SHEA, William. Estúdios Selectos sobre Interpretación Profética, Argentina, SALT, 1990
[2] HARTMAN, Louis F. y DI LELLA, Alexander A. The Book of Daniel – A New Translation with Introduction and Commentary, Anchor Bible, Doubleday – New York, , 1978
[3] ALMEIDA, João Ferreira de. Bíblia Sagrada Revisão Actualizada, Programa The Word. Mateus 3,13-17
[4]  ALMEIDA, João Ferreira de, Bíblia Sagrada. São Paulo, Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil, 1995, Daniel 9,26
[5] ALMEIDA, João Ferreira de. Bíblia Sagrada Revisão Actualizada, Programa The Word. Daniel 9,27
[6] SHEA, William. The Abundant Life Bible Amplifier- Daniel 7-12. Idaho, Pacific Press, 1996
[7] INSTITUTE,Research Biblical. Doctrine of the Sanctuary – A Historical Survey (1845-1863), Silver Spring, MD

quarta-feira, 30 de março de 2016

O Significado de Nisdaq em Daniel 8,14

Nisdaq é a forma nifal do verbo tsadaq -  justificar, portanto, o versículo de Daniel 8,14 literalmente seria traduzido:

Ele me respondeu: Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; então o santuário será justificado.[1]

            Normalmente se traduz por purificado, porque a limpeza, purificação é o resultado da justiça de Cristo que elimina todo o pecado.




[1]LENINGRADO, Códice de. Bíblia Hebraica Stugartência, Programa The Word. Daniel 8,14

terça-feira, 29 de março de 2016

Jesus e o santuário em Daniel 9

A Petição Principal na Oração de Daniel


            Daniel conhece o poder e a grandeza de Deus e louva a transcendência de Deus. Este reconhecimento e louvor baseiam-se no amor que Daniel tem por Deus e que Deus tem por cada ser humano.
           

            O profeta confessa seus pecados e que o povo pecou contra o Senhor e intercede pelo povo e por si próprio e pede o perdão de Deus e também pede entendimento para compreender a parte da visão que menciona os 2.300 anos proféticos e após essa oração de intercessão, o anjo Gabriel aparece para Daniel e lhe explica a parte da visão que Daniel não tinha entendido.
Ó Senhor, ouve; ó Senhor, perdoa; ó Senhor, atende-nos e põe mãos à obra sem tardar, por amor de ti mesmo, ó Deus meu, porque a tua cidade e o teu povo se chamam pelo teu nome.[1]

            No relato bíblico vemos que Gabriel garante a Daniel que a sua oração será respondida, o que veio a acontecer através dos reis persas. Nos versículos 24 – 27, segundo William Shea esse versículo menciona dois grandes aspectos:

O povo, a cidade, e o santuário e o outro aspecto é o Messias e a relação entre os dois aspectos[2]






[1] ALMEIDA, João Ferreira de. Bíblia Sagrada Revisão Actualizada, Programa The Word. Daniel 9,19
[2] SHEA, William. The Abundant Life Bible Amplifier- Daniel 7-12. Idaho, Pacific Press, 1996

segunda-feira, 28 de março de 2016

O Ministério de Jesus no Santuário

O ministério de Jesus no santuário em essência, é interceder pelo pecador para que este, seja aceito perante Deus através dos méritos de Cristo, somente Cristo tem capacidade para salvar a raça humana, porque Ele é Deus, o Criador de todas as coisas e do plano de redenção da Humanidade
           
“Se estabeleceu então um sistema que requeria o sacrifício de animais, a fim de manter diante do homem caído o que a serpente havia feito que Eva não acreditasse, que o pagamento da desobediência é a morte. A transgressão da lei de Deus fez necessário que Cristo morresse como sacrifício, a fim de proporcionar ao homem uma via de escape de seu castigo, e preservar ao mesmo tempo a honra da lei de Deus. O sistema de sacrificios havia de ensinar ao homem, humildade, em vista de sua condição caída, e conduzí-lo ao arrependimento e a confiar somente em Deus, por meio do Redentor prometido, para obter o perdão pelas passadas transgressões de sua lei.
O sistema de sacrifícios foi traçado pelo próprio Cristo, e dado a Adão como um símbolo do Salvador que viria.” [1]

            O ser humano adquire o perdão divino somente através de Cristo, e no santuário o perdão é representado pelo sacrifício do cordeiro, que simboliza a entrega da vida perfeita de Jesus na cruz por nós. Após o sacrifício o sacerdote comia um pedaço do sacrifício realizado e derramava o sangue do cordeiro oferecido no véu que separava o lugar santo do lugar santíssimo, simbolizando a intercessão de Cristo e no dia da expiação em que o sumo-sacerdote vai ao lugar santíssimo limpar o lugar santíssimo de todos os pecados que ali foram depositados e confessados. Neste momento, Jesus está no lugar santíssimo purificando o santuário, para poder voltar, e à semelhança do sumo-sacerdote quando sai do templo, transmitir que os pecados foram perdoados, e os que confessaram os seus pecados entrarão no céu.



[1] WHITE, Ellen. Cristo en su Santuário

domingo, 27 de março de 2016

A Obra de Jesus no Santuário




            O santuário foi dado à Humanidade para que esta visse que existe solução para o pecado.
            A obra de Jesus é a de salvar e interceder pelo pecador. Jesus é representado em todos os rituais do santuário, especificamente em Daniel 8, é mencionada a função de Jesus como salvador e sacerdote, deste modo Ele fica capacitado para purificar o santuário. Esta função de purificar o santuário, é simbolizada no santuário no dia da expiação.

 A Purificação do Santuário

            Segundo Daniel 8,14, a purificação do santuário é realizada após os 2.300 anos proféticos, que se inicia na época do Império Persa, porque a palavra visão (hazeh) inclui todas as imagens que Daniel viu, se iniciando no Império Persa, e o seu término conseguimos saber em Daniel 9: 24-27. Com a cronologia dos decretos nos tempos de Esdras e Neemias e encontramos a data de início 457 a.C, através do método profético dia-ano, chegamos a 1844 d.C.
            Quando Daniel se referiu a purificação do santuário, ele sempre teve em mente o templo de Jerusalém, pois este era a representação do santuário celestial.

Seus sacerdotes eram tipos de nosso Senhor em seu sacerdócio mais perfeito. Seu ministério se cumpria como exemplo e sombra do ministério de nosso Sumo-Sacerdote no céu. O santuário onde serviam, era um tipo ou figura do verdadeiro que está nos céus, onde nosso Senhor Jesus exerce seu ministério.
Todos estes feitos se apresentam claramente em Hebreus 8:4,5. Este testemunho demonstra que o ministério dos sacerdotes terrenais era uma sombra do sacerdócio de Cristo
Isto se evidencia nas indicações que Deus deu a Moisés É o santuário o verdadeiro tabernáculo que está no céu, onde ministra nosso Senhor segundo menciona em Hebreus 8:2 [1]



 A purificação do santuário se realiza através de um julgamento que Deus fará depois de 1844, que a Igreja Adventista do Sétimo Dia, denomina como Juízo Investigativo, acto este, que investiga os corações e intenções dos seres humanos e a quem querem servir, ao Deus verdadeiro ou ao chifre pequeno, visto que o chifre pequeno subtilmente estava julgando a Deus e querendo provar ser superior ao próprio Deus. Através do Juízo Investigativo, Ele irá mostrar quem obtém a verdade, porque o final da purificação do santuário ocorrerá quando Cristo voltar para buscar os redimidos, conforme nos afirma Daniel 7:11.
           
Daniel 8 é uma profecia que mostra os serviços do santuário pelo seu simbolismo. Haviam dois tipos de serviços no santuário: o diário e o anual. O sacrifício diário é referido como sendo objecto de conquista entre o Príncipe e o chifre pequeno, pois o sacrifício diário pertencia ao Príncipe.
A sua santidade foi corrompida por ídolos[2]


            Era necessário o ritual tanto do sacrifício animal, quanto a porção que era comida pelo sacerdote, para que o perdão fosse dado ao pecador. 
            Levítico trata, do pecado e da maneira como os seres humanos podem ser perdoados. Segundo William Shea, alguns capítulos de Levítico têm correspondência com Daniel 8. Levítico 1-7 tem a sua correspondência com Daniel 8:14a e Levítico 16 corresponde a Daniel 8:14b. Levítico 1-7 nos fala sobre pecados, o justo perdão e a gravação dos pecados no santuário, em Daniel 8:14a menciona as actividades do Príncipe como sumo-sacerdote celestial e a verdadeira aplicação do serviço diário durante os 2.300 dias. Levítico 16 trata da purificação e restauração do santuário através do julgamento final e Daniel 8:14b trata do Julgamento no final dos 2.300 dias e é o clímax dos serviços diários.[3]
Em Daniel 8,14 é dito que o santuário será purificado, porque nos versículos 11 e 12 do mesmo capítulo, vemos que o santuário tinha sido contaminado, além dos pecados da Humanidade, pela tentativa de Satanás, através do chifre pequeno de querer exercer uma função que não lhe corresponde, Daniel menciona o sacrifício contínuo, que é a razão de ser do santuário, para que o ser humano possa ser perdoado por Deus, justamente o aspecto em que Satanás decidiu atacar, para que estivéssemos perdidos para sempre, mas Deus é soberano em todas as coisas e Ele não deixa as Suas criaturas se perderem. A Bíblia no seu todo, e o livro de Daniel em particular, nos mostram que o verdadeiro santuário é o santuário celestial e que Jesus exerce o verdadeiro sacerdócio. Esta é uma disputa espiritual, realizada por ideias teológicas e crenças, esta é a única forma de tentar disputar algo com Deus.
            A purificação do santuário começa em 1844, altura em que a reforma protestante já havia iniciado, e pairava nos corações das pessoas, que algo iria acontecer e que provavelmente, segundo estudos da época, Cristo voltaria à Terra, para buscar os redimidos, pois a Roma papal já tinha tido a sua época de esplendor, a Idade Média, este Império, terminará completamente quando suceder o julgamento de Roma Papal com a volta de Cristo.
             




[1] SMITH, Urias. Las profecías de Daniel y Apocalipsis Tomo I, Daniel Mountain View, Pacific Press, 1949
[2] SHEA, William. The Abundant Life Bible Amplifier- Daniel 7-12. Idaho, Pacific Press, 1996
[3] Ibidem

sábado, 26 de março de 2016

A Obra do Chifre Pequeno

A obra do chifre pequeno é direccionada para Deus, porque tem a intenção de usurpar o lugar de Deus e como esta disputa é invisível, ele tenta através de alguns métodos reais e concretos manter o poder. 

1) Os santos do Altíssimo (através da perseguição)
2)      O santuário celestial que é jogado por terra (este acto implica por contraste a exaltação de um templo terrenal no qual habita e funciona o poder do chifre pequeno (Comparar com 2 Ts. 3 e 4), um ataque sobre o diário ou o contínuo (não a um único sacrifício como o consideram alguns tratadistas, mas a uma ministração que cobre todos os tipos de actividades que ocorrem neste tempo, neste verdadeiro santuário.


3)      Um ataque ao Príncipe a que pertence o Santuário
Em outras palavras, esta profecia descreve um grande conflito em seu clímax. Este conflito enfrenta o Príncipe celestial contra o chifre pequeno um conflito que envolve nada menos que o plano de salvação. Por uma parte está o plano da salvação verdadeiro, ministrado pelo verdadeiro Sumo-Sacerdote celestial. Por outra parte existe um substituto terrenal um sacerdócio terrenal que funciona nos templos terrenais que separaria os olhos da humanidade do verdadeiro Sumo-Sacerdote em seu verdadeiro Santuário que construiu Deus e não o homem (comparar com At. 8:1,2)
Quem é este grande Sumo-Sacerdote celestial e quem é este príncipe sacerdotal. Nada menos que Jesus Cristo Seu sacerdócio está identificado especialmente no Livro de Hebreus nos caps. 7-9. E a unção de seu santuário celestial está mencionado nas mesmas profecias de Dn. 9:24-25 De maneira que o retrato de Jesus apresentado na profecia de Dn.8 é o de Jesus como sacerdote.[1]


             O Império Romano, na sua fase imperial reduziu a Judeia a província e no ano 70 d.C, Judeia foi destruída e os judeus se dispersaram pela terra.
            O chifre pequeno tentou eliminar o sacrifício contínuo, mas não era capaz de fazer dano a Jesus pessoalmente, então fazia aos Seus seguidores.
A palavra Príncipe é um título político e no capítulo 8 de Daniel, é usado de um modo sacerdotal, porque ao Príncipe pertence o santuário e o sacrifício contínuo. A utilização da palavra Príncipe (sar), reflecte uma posição celestial neste capítulo quem exerce esta função está do lado de Deus.

“O chifre pequeno tenta representar o ministério sacerdotal de Cristo e suas actividades sacerdotais e humanas na Terra, mediante sua graça para a humanidade. Intermediários humanos têm sido colocados entre Deus e o povo.[2]







[1] SHEA, William H. Estúdios Selectos sobre Interpretación Profética. Argentina- SALT, 1990
[2] SHEA, William. The Abundant Life Bible Amplifier- Daniel 7-12. Idaho, Pacific Press, 1996

sexta-feira, 25 de março de 2016

Jesus e o santuário em Daniel 8

Em Daniel 8 o santuário é nos apresentado, para que possamos ter uma visão, não somente do que iria acontecer na História Universal, mas que estes simbolismos nos levassem a reflectir, na importância da direcção de Deus e no valor do sacrifício contínuo.


1.1  Medo – Pérsia e Grécia na Profecia


Neste capítulo o relato se inicia, mencionando o final do Império Persa e a vitória do Império Grego, desenvolvendo como será o Império Grego e qual será o Império que o sucederá. O Império Persa é simbolizado por um carneiro, porque este império libertou o povo de Deus do cativeiro e respeitou as suas crenças. No santuário o carneiro simboliza a salvação.
A Grécia é representada pelo bode essencialmente por duas razões: a primeira razão é porque este era o símbolo da Grécia, os gregos antigamente eram conhecidos como Egedas, que significa cabras.[1] A segunda razão é que segundo os símbolos do santuário, o bode tem como função carregar os pecados da Humanidade. O Império Grego depois da morte de Alexandre, o Grande, após muitas guerras se dividiu em quatro reinos, distribuído pelos seus quatro generais: Cassandro, Seleuco, Lisímaco e Ptolomeu, pois de um dos reinos gregos, surgiria o chifre pequeno, que tentaria destruir a Verdade. Deste chifre pequeno surgiria o Império Romano nas suas duas fases Imperial e Papal.
            Os símbolos escolhidos representam bem o que iria acontecer, pois na natureza, um carneiro não mataria um bode, por isso, facilmente Alexandre, o Grande, conquistou a Pérsia.

O chifre pequeno nunca poderia ser uma pessoa, que alguns eruditos pensam ser Antíoco IV Epífanes, porque uma pessoa nunca conseguiria ser ao mesmo tempo uma potência independente e um chifre notável, como o chifre pequeno[2]
O chifre pequeno tenta tomar o lugar de Jesus Cristo, negando que Jesus é o Príncipe dos Príncipes, estando em oposição da Segunda Vinda de Cristo.
O chifre pequeno surge com mais ímpeto e força durante o Império Romano, porque ao longo da História foi se preparando o terreno para que ele se revelasse plenamente. A assolação está composta de todos os impérios e a prevaricação está composta pela fase religiosa de todos os impérios, pois todos a seu modo, dificultaram a vida daqueles que pretendiam seguir à Deus, porém o Império Romano teve mais energia que os outros impérios, indo contra todas as regras eticamente estabelecidas.
            O capítulo 8 a partir do versículo 14 nos indica a época em que o santuário será purificado e qual seria a obra do chifre pequeno.



[1] SMITH, Urias. Las profecías de Daniel y Apocalipsis, Tomo I Daniel, Mountain View, Pacific Press, 1949
[2] Ibidem

quinta-feira, 24 de março de 2016

Conclusão do Trabalho A Comunicação Conjugal e o Divórcio

Este trabalho de investigação permite concluir que para haver um bom relacionamento conjugal, é necessário ter uma preparação matrimonial adequada, levando em consideração uma boa comunicação, que dê resposta a necessidade primária de qualquer ser humano, ter aceitação e segurança psicológica, também é necessário levar em consideração as qualidades psicológicas e emocionais da pessoa em questão, se ela preenche as necessidades da outra pessoa e não somente o aspecto físico. Os casamentos se mantêm quando existe compreensão, simpatia e ternura entre o casal, bem como a confiança mútua e incondicional, pois existe o respeito mútuo, porque o cônjuge sabe e confia que o seu companheiro fará o que for melhor para a felicidade de ambos e por conseguinte da família. Este é o ecossistema do ser humano, lugar em que a pessoa se renova, cresce e se desenvolve. O amor conjugal também inclui estimular psicologicamente e tratar da necessidade psico-emocional do seu cônjuge.
A construção do lar, é composta por nossas decisões, nossa liberdade, e nosso empenho que dispomos para a sua constituição e manutenção. Esta determinação conta com nossa valia pessoal, coragem, diálogo e ânimo com a que dispomos para construir um lar.
O amor verdadeiro se encontra em um relacionamento que se desenvolve e se aprofunda, baseado em experiências partilhadas. O verdadeiro amor é construído tendo como alicerces a auto-aceitação, e é partilhado altruisticamente com os outros, porque está baseado na confiança. O verdadeiro amor inclui satisfação sexual, mas não exclui a partilha de outros aspectos da vida. O verdadeiro amor é crescente e se desenvolve, o amor expande o crescimento e a criatividade da pessoa que ama. O verdadeiro amor aumenta a realidade e torna os cônjuges, mais completos e pessoas equilibradas e adequadas uma à outra. O amor verdadeiro é responsável e aceita de maneira feliz as consequências do envolvimento mútuo.
As linguagens do amor são expressas de forma natural pelo facto do casal amar-  -se. Estas linguagens do amor são outras formas de manter uma boa relação conjugal.
As estações do casamento são as fases que o casal passa e dependendo do amor e relação entre eles, permanecem em uma das fases, ou com algum esforço mútuo conseguem mudar de fase e melhorar o relacionamento.
A comunicação é algo muito importante, que sucede de modo verbal ou não verbal, consciente ou inconscientemente, portanto, a melhor solução é dizer sempre o que se pensa, porque muitos problemas surgem, devido as palavras que não foram ditas. Para um casal estar estável, é importante que alcancem o último nível de comunicação, o que chamamos de pensar em voz alta.
Os factores de ruptura consistem em: viver um dia de cada vez, ou quando a fusão aconteceu com outra pessoa. O conflito surge devido a muitos factores que originam vários tipos de discussões e elas vão pouco a pouco destruindo o relacionamento. A falta de comunicação, a problemas da vida e a falta de amor humano.
A sexualidade é algo muito importante e não pode ser usado como arma, para impor, reinvindicar, vingar-se, a sexualidade é o fruto do amor do casal em que esta seja a forma plena de demonstração da sua complementariedade.
Os sogros podem ser também um factor de conflitos, se eles não souberem administrar a nova fase em que seus filhos estão vivendo, poderão contribuir para a ruptura do casal, pois como pais, continuam querendo proteger os seus filhos.
Concluímos que o divórcio é permitido pela Bíblia tanto no Antigo Testamento como no Novo Testamento, pelas seguintes causas: ruptura dos votos matrimoniais, adultério e quando um dos cônjuges que não é cristão, impede que o outro cônjuge exerça as suas crenças, pelas circunstâncias expostas neste trabalho. O divórcio é a última opção para um casal, mas a pessoa não está indo contra a vontade de Deus, se já foram tentadas todas as formas de reconciliação e a situação conjugal continua insustentável. A felicidade da família nestes casos, passa pelo fim do sofrimento, que é proporcionada pelo divórcio, porque tanto cônjuges como filhos sofrem, quando há problemas conjugais. O casal, porque os vive, e os filhos, porque vêem e pressentem que a vida conjugal dos pais não está bem e não conseguem solucioná-la.
Devido a este facto, é importante haver uma boa preparação pré-matrimonial, estar disponível para dar o apoio necessário aos casais, para que eles tentem recuperar o relacionamento, colocando em prática cada um dos pontos expostos nesta investigação e evitar o divórcio, pois é dentro da família que o ser humano se renova, se desenvolve e se restaura.
Do nosso estudo da Bíblia deduzimos que a sociedade religiosa manifesta em parte o medo que têm acerca do divórcio, porque não têm segurança sobre os argumentos bíblicos de que as suas ideias ou as suas intenções de fazê-lo, estejam certas. Embora Deus permita o divórcio e a hipótese de casar-se novamente, devido a sociedade religiosa ter dúvidas sobre o assunto, as ideias divergem e as pessoas terminam por se dividir. Pois as pessoas pensam que Deus não permite o divórcio e a pessoa divorciada se sente rejeitada por Deus e pelas pessoas que pertencem a determinada denominação, porque para a pessoa divorciada a opinião desta sociedade, é
um reflexo do que Deus pensa. Porém Deus ama a todos os seres humanos, divorciados, casados, solteiros e viúvos e não é pelo facto de uma pessoa ter se divorciado que é menos amado por Deus. O divórcio como tantos outros aspectos da vida, faz parte de um aprendizado e um crescimento interior.
            Se o divórcio deixar de ser discriminado pelas pessoas, a pessoa divorciada como as que não o são, talvez vejam melhor o amor de Deus pelo ser humano, porque todo o ser humano tem que ter bem presente na sua mente que não é superior a ninguém, que é uma criatura de Deus, que está sujeito a errar e aprender com os erros e que cada pessoa tem o seu tempo para aprender cada conceito da vida, como também cada pessoa está numa fase diferente do aprendizado da vida. Se as pessoas pensassem deste maneira, as situações eram melhor resolvidas. 
O divórcio tem lugar quando não há mais possibilidade de reconciliação e o sofrimento é contínuo, pois pensamos que o amor humano como sentimento é a base da relação e quando este está maduro a um determinado estado, passa a existir o amor cristão dentro da relação. O amor cristão não pode estar em primeiro lugar, porque este facto ocasionará sofrimento contínuo e um desgaste da relação. É importante levar em consideração as pessoas como indivíduos e como casal e que as pessoas deixem de sofrer, devido a incompatibilidade de personalidades, porque não há mais conflitos que
danifiquem a vida psicológica e emocional da pessoa e dos filhos também, pois estes se apercebem dos problemas que os pais enfrentam como casal. O divórcio proporciona liberdade conjugal para a pessoa conseguir resolver todos os seus problemas conjugais, incluindo a sexualidade equivocada, tendo a alternativa de encontrar-se em termos psicológicos e emocionais com uma outra pessoa.
Temos que admitir que o divórcio traz como consequência o luto branco, porém é melhor sofrer o luto branco por um determinado tempo, que ter constantemente problemas conjugais e colocar não somente o casal em sofrimento, como também os filhos e parentes próximos como pais e irmãos. Quando uma pessoa se casa, não casa somente com o cônjuge que escolheu, mas também indirectamente com a família deste, pois passa a pertencer a este novo grupo.
Os obstáculos encontrados para a realização deste trabalho estavam relacionados em encontrar argumentos para certas partes do Antigo Testamento, porque influenciaria as evidências encontradas no Novo Testamento. Em minha opinião, os limites sobre este tema são poucos, porque a Bíblia nos fornece informações e dados suficientes que nos abrem um panorama bíblico, sobre o tema, que são mais amplos do que normalmente podemos pensar.





















quarta-feira, 23 de março de 2016

A Ética da Convivência entre o Casal Divorciado

A ética da convivência, ajuda a garantir o menor estrago possível na educação dos filhos e no facto de exercer a paternidade, os filhos se sentirão mais confiantes e as pessoas divorciadas não precisam estar juntas, porque todos sabem, mesmo os filhos, que o casal está divorciado. A convivência entre o ex-casal, ajuda a combinar e conversar sobre a disciplina e a educação a aplicar nas crianças, como também algum problema em particular. É necessário distinguir a pessoa que você amou e por este facto se casou com ela e teve filhos, da pessoa que se tornou o seu ex-cônjuge.
            O papel de pai tem que ter regras e limites, como o papel de mãe, se isto não acontece, o pai vai perdendo a autoridade conforme os filhos vão crescendo.
A convivência ética existe para preservar o bem-estar dos filhos.            
Quando a ex-esposa encontra outra pessoa, este também tem que entrar dentro da convivência ética, ele em princípio não está concorrendo com o ex-marido, porque as crianças continuam sendo do relacionamento anterior. A única coisa que lhe pertence é a mãe dos seus filhos, da qual o pai das crianças está divorciado e vice-versa. Se é incomodativo para um dos ex-cônjuges ou para ambos, que os actuais companheiros estejam presentes em festas de escola, ou eventos importantes para criança, ressalvando o aniversário, ou até mesmo este, é importante respeitar o sentimento do ex-cônjuge, para que os filhos tenham mais oportunidades de no meio de uma família separada, ter experiências positivas e terem os pais presentes em momentos especiais para a sua vida. Os filhos têm que ter a certeza que o pai os ama, para que se o ex-marido tiver um outro relacionamento, não haver dúvidas que o pai lhe ama, porque a ex-esposa poderá se sentir magoada e começar a dizer coisas que coloquem dúvidas nos filhos.



Normalmente quando um relacionamento se rompe, a pessoa procura na próxima companheira as características positivas que a anterior cônjuge não tinha. Em um novo relacionamento não pode haver comparações, as pessoas são diferentes, não se pode transformar a actual companheira com os mesmos modos e hábitos que a anterior, este é o primeiro passo para o término da relação, porque o homem tem uma noção do que era antigamente e a pessoa tem a tendência de tentar encontrar a sua zona de conforto, porque já conhece.
A nova companheira não tem responsabilidades com a sua vida anterior, nem com os seus filhos. O tempo passa, o compromisso se aprofunda e quando se apercebem estão tendo uma vida conjugal normal, sem pressões e estão dividindo as responsabilidades da vida que levam e da vida anterior do cônjuge.[1]
Para formar uma nova família, a pessoa tem que se ter recuperado da perda emocional do seu primeiro cônjuge, porque normalmente o desconsolo reaparece. É importante voltar a confiar em si mesmo e na capacidade de manter uma relação.
Se a pessoa tem filhos, os filhos poderão ter dúvidas a quem ser leais, pois esta fica dividida, porque não querem serem rejeitados pela madrasta ou padrasto, sentem novamente o sentimento de perda, porque se formou uma segunda família e normalmente os filhos ficam contra o seu progenitor biológico. Os filhos não se sentem parte desta nova família e tentam como podem adaptar-se a esta situação, porque querem unir novamente seus pais biológicos.
O papel da pessoa que se casou com a pessoa divorciada, vai se delineando aos poucos, delicadamente e as vezes pode ser necessário usar alguma firmeza.
Após o divórcio, se o casal tiver filhos, a comunicação entre eles é inevitável, pois ambos devem participar na sua educação. Convém, portanto, não levar as discussões para o motivo que os conduziu ao divórcio, mas sim apenas, conversar sobre a questão dos filhos.
Independentemente de qual progenitor ficou com a guarda das crianças, é imprescindível que o outro progenitor participe na educação dos filhos, pois estes vivem situações delicadas que poderão afectar a sua vivência e a congregação deve acolher estas pessoas, não as rejeitando ou discriminando.


O pastor deve agir de forma sensata, rápida e eficaz.
O divórcio acarreta sempre situações de tristeza e depressão quer para o homem, quer para a mulher. Ambos sofrem o que a Psicologia denomina luto branco e que se refere a perda do cônjuge, a solidão, a culpa que poderão sentir, sensação de fracasso. Convém que arranjem alternativas para mudar a sua rotina e evitarem sentir esse estado depressivo.
Os ex-cônjuges devem encontrar soluções para que a sua comunicação não seja conflituosa e para que não exclua os filhos em comum e os possíveis companheiros actuais, de forma a criar uma relação harmoniosa que não prejudique as pessoas implicadas neste processo.
 

           
















[1] Ibid, p. 148

terça-feira, 22 de março de 2016

Recuperação das pessoas no decorrer do processo e após o divórcio

Divórcio na Perspectiva Feminina


         Durante o decorrer do divórcio, começa a concretizar-se o luto branco de forma inconsciente.
Todas as pessoas que passam por um divórcio têm que vivenciar um luto branco de um relacionamento que não teve êxito, por mais que seja libertador, não ter mais que viver certo tipo de problemas, sempre deixa mágoa e ressentimento.
            Tentar escapar do contacto com tais sentimentos não traz benefícios para a pessoa e tentar substituir por outra pessoa ou por comportamentos compulsivos, não ajudará. A pessoa que está em processo de divórcio e vive o luto necessita de tratamento psicológico, pois a evasão da dor, nada mais é que adiar a superação da mesma e a resolução do processo.[1]
            O divórcio é uma experiência que pode marcar a pessoa por um longo período de tempo, é considerado pelos psicólogos como luto branco. Chama-se luto, porque o relacionamento terminou e é branco, porque o ex-cônjuge ainda vive. Este luto contém os mesmos aspectos de um luto quando uma pessoa falece, a diferença é que a pessoa falecida não a vê mais, enquanto que o ex-cônjuge, se vê quinzenalmente se houver filhos, prolongando a dor da perda. Existem muitas razões, a principal delas é a dimensão de seus efeitos. O divórcio não somente afecta o casal, mas também a todos aqueles com quem seus membros estão relacionados estreitamente: filhos, familiares

próximos, amigos, irmãos da igreja e a relação com Deus. O divórcio pode abalar a identidade e a auto-estima do indivíduo.
Luis Marcos Rojas, em seu livro La Pareja, cita a Judith S. Wallerstein, que resume os efeitos perturbadores e de grande alcance do divórcio:
“Toda ruptura provoca efectos secundarios que no alcanzan solo a la pareja en cuestión, sino a toda la sociedad. Cada divorcio es la muerte de una pequeña civilización”.[2]

O divórcio contém as seguintes fases do luto:
  • Choque emocional: como aturdido e sensível
  • Luto agudo: ataques de dor intensa:
    1. Saudade perdida
    2. Pranto
    3. Alteração do estado de ânimo
    4. Amargura
    5. Sentimento de culpa


  • Solidão e isolamento
  • Apatia e falta de sentido na vida
  • Ansiedade e falta de esperança
  • A tristeza das datas importantes
  • As reacções de identificação
  • As decisões equivocadas
  • A adaptação
  • Uma oportunidade para crescer e mudar
 Dedicamos uma secção específica ao luto branco, originado pela ruptura de uma relação, porque apresenta alguns rasgos distintivos:
            a)         O divórcio sempre contém um elemento de culpa muito mais intenso que o luto convencional. Os sentimentos de culpa e fracasso pessoal são proeminentes.



            b)         Ninguém está preparado para o divórcio. Todos sabemos como comportar-nos em um funeral ou junto ao leito de morte, mas nunca estamos preparados para viver o divórcio, o casamento é algo tão íntimo, em que tentamos realizar os sonhos da existência humana. As pessoas que sofrem luto a causa de um divórcio se sentem perdidos, confusos, cheios de dúvidas e perguntas que não se atrevem a formular.
            Em consequência, recuperar-se do divórcio é complexo. Para entendê-la vamos a considerar três etapas:
·         Confusão
·         Solidão e isolamento
·         Ajuste e crescimento
 O processo do luto não é linear, mas é composto por muitas recaídas. As oscilações no estado de ânimo são características típicas de qualquer luto, ainda mais na perda de um filho e no divórcio. No caso do divórcio, os altos e baixos se acentuam, porque o processo de desvinculação frequentemente tem numerosos avanços e retrocessos, encontros e desencontros, antes da ruptura definitiva e inclusive, quando se coloca em andamento o processo de divórcio. Por isso, a duração deste tipo de luto é maior que a do luto convencional. Dura de três a cinco anos após o divórcio real, para que as feridas cicatrizem o suficiente como para começar a adaptar-se a nova situação.
Após as primeiras semanas ou meses depois da ruptura, a pessoa se sente, desorientada e submersa no caos. Se trata de uma confusão emocional em que se misturam ideias, sentimentos e reacções.
Esta etapa dura aproximadamente um ano. Suas principais características podemos resumir da seguinte maneira. O divórcio é uma bomba emocional. Quase sempre é mais difícil do que ambas partes imaginavam. Diminui a auto-confiança, suscita a ira e os sentimentos de culpa, cria insegurança e dificulta as relações interpessoais.
Analisaremos com mais detalhe, o transtorno emocional que supõe este período, segundo Jorge Martínez Villa[3]:


·         Grande angústia expressada em sintomas físicos. Estes sintomas são resultado de um elevado grau de ansiedade. Depois da ruptura, os membros do casal têm dificuldade em conciliar o sono, perdem o apetite ou comem compulsivamente, não se concentram em seu trabalho e choram frequentemente. Dores de cabeça, problemas respiratórios, tonturas, disfunções menstruais e erupções cutâneas, aparecem com frequência entre outros sintomas psicossomáticos. O corpo expressa desta maneira, sua dor interna.
·         Em ocasiões, a reacção é completamente oposta. Um ou ambos cônjuges manifestam inicialmente uma sensação oposta de liberação e felicidade, após a separação. Isto ocorre, no caso de casais com um grande historial de maus-tratos verbais ou físicos, que constituía um enorme sofrimento para um deles. Passados alguns dias, ou semanas, qualquer sucesso trivial, lhe traz à mente lembranças de seu cônjuge, neste momento além do sentimento de triunfo se acrescenta a tristeza, angústia e o luto branco.
·         Grandes oscilações no estado de ânimo. É normal que experimentem mudanças de sentimentos intensas. Seus sentimentos mudam e se misturam rapidamente. O ódio e a ira podem aparecer quase ao mesmo tempo que o amor. O amor tarda muito tempo en apagar-se. Estas mudanças de estado de ânimo se produzem inclusive quando o divórcio vem motivado por maus-tratos, ou em casais que estiveram de acordo em separar-se.
·         Sensação de fracasso e diminuição da auto-estima. Uma das características mais comuns do divórcio, é a sensação de inaptidão e fracasso. A diferença do luto convencional, a ruptura faz que as pessoas questionem a sua importância como pessoa. A capacidade para superar esta crise de identidade constituirá um factor essencial no momento de resolver o luto. Esta crise é especialmente intensa naqueles casos em que um dos cônjuges abandona a relação subitamente sem que haja existido um período prévio de conflitos.


·         Sentimentos de culpa. Estes se encontram entrelaçados com a baixa auto-estima, sendo um sintoma frequente, quase normal do luto. Representam uma forma de liberar a dor da perda. A eles se associa a necessidade de repassar várias vezes a relação, para descobrir o que sucedeu. Isto não é o mau em si mesmo, porque já vimos como encontrar uma explicação satisfatória para a separação, é uma fase essencial para a recuperação.
·         Sensação de ansiedade e falta de esperança. A pessoa se encontra imersa em uma situação de incerteza. Muitas dúvidas invadem sua mente. As pessoas divorciadas têm que enfrentar-se a muitas responsabilidades, que previamente eram compartilhadas com seu cônjuge. Estas mudanças são tão repentinas que a situação lhes parece fora de controle. Então se sentem vulneráveis, e se sentem mais à vontade isolando-se, o qual é um círculo vicioso que aumenta sua ansiedade.
Após uma fase de confusão e transtornos emocionais, a maioria de casais passa por uma fase de solidão e isolamento que dura entre um e dois anos. Transcorrido este tempo, predominam os efeitos sociais do divórcio.
            O divórcio por sua própria natureza, é o resultado de um desacordo que fractura uma relação. Este facto, agrava a tristeza dos cônjuges que não só lutam contra a dor da perda, como também contra o desgaste de intermináveis conflitos entre eles mesmos. Conflitos que atingem todos os familiares. Em muitos casos, o divórcio é o final de uma relação e o começo de uma guerra.
            Amigos e familiares começam a estar distantes, e começam os conflitos sobre os assuntos legais e económicos. Junto ao isolamento a pessoa divorciada experimenta pena e tristeza. A sensação de perda é mais intensa quando se apercebem que a ruptura é irreversível. Durante o primeiro ou segundo ano ainda permanece as esperanças de voltar a estar juntos, sobretudo para a pessoa que não desejava divorciar-se. Mas inclusive quando ambos estiveram de acordo na separação, experimentam uma profunda sensação de perda.




            Depois da ruptura, muitos divorciados se surpreendem ao constatar que sua solidão actual é pior que viver com seu ex-conjuge, independentemente de qual seja a qualidade do relacionamento, porque estão habituados a conviver com determinados aspectos, que mesmo que magoem, as despesas e a vida são divididas.
            Nesta fase também pode surgir quadros depressivos, porque a pessoa é incapaz de aceitar a nova realidade, de enfrentar-se à vida de novo sozinho. É normal também que haja decisões equivocadas e transtornos de conduta. Alguns transtornos são voltar a casar-se de forma apressada, a promiscuidade sexual com contactos breves e superficiais, o abuso do álcool ou drogas são exemplos bastante frequentes, do modo como o divorciado é incapaz de aceitar a realidade de sua nova vida solitária.
Passado o divórcio, o relacionamento não se reconstrói, mas a pessoa divorciada aos poucos vai construindo a sua identidade e auto-estima que foi tão ferida pelo trauma do divórcio. Este é o principal objectivo da terceira etapa: ajudar a pessoa divorciada a enfrentar a vida com novas forças, atitudes e metas.
            Os sinais para o bom ajuste podemos avaliar do seguinte modo, segundo Eliane Santoro:
  • Aceitação. A pessoa divorciada está capacitada para enfrentar novamente a realidade da vida sem o seu cônjuge. A sensação de perda, já não lhe incapacita.
  • Adaptação. Se o aspecto anterior tinha que ver com a realidade global da nova situação, agora nos referimos, particularmente, à capacidade de responder às demandas práticas da vida. Ser capaz de funcionar socialmente sem a ajuda do cônjuge é um bom sinal de adaptação.
  • Explicação. A pessoa afligida pelo divórcio sempre necessita de uma explicação razoável da origem do rompimento. Como o luto pela morte, necessita-se saber as razões, saber as razões para a separação é essencial no processo de recuperação.
  • O controle da Ira. Não buscar vingança, não ser destrutivos, não jogar a culpa nas outras pessoas, lutar contra a auto-compaixão e estar dispostos a perdoar.
  • O tempo cura tudo? A resposta varia dependendo de vários factores: as circunstâncias do divórcio, a personalidade da pessoa divorciada, a ajuda


disponível etc. O prazo médio para que uma pessoa se recupere de um divórcio segundo os especialistas oscilam entre três a cinco anos.
            Em uma altura de divórcio, é tempo de dividir tudo e pensar nos direitos de cada um e estar preparado para de vez em quando revisar pensões, devido as novas exigências e estilos de vida, que se reflectirão no padrão de vida dos filhos.
            As mulheres que passam por um divórcio não podem desanimar, é bom fazer actividades que tragam calma e bem-estar. Sentir-se bem consigo mesma, sentir-se gratificada por conseguir realizar os seus sonhos. É aconselhável não se isolar, envolver-se em actividades e procurar ajuda especializada, além do apoio dos amigos.
            Fazer exercício físico, ajuda a relaxar, porque o organismo produz seratonina que nos dão sensações de prazer e bem-estar físico. Para ter melhor rendimento físico e bem-estar, é importante ter uma alimentação rica em vitamina E, amêndoas, rúcula, frutas e vegetais, alimentos integrais ajudam a libertar seratonina e noradrenalina, endorfinas que regulam a energia. Leite, iogurte, queijos, feijão, lentilha, soja, grão-de-bico, abacate, gérmen de trigo, levedura de cerveja, banana, abacaxi, pães e cereais integrais contém vitamina B6, que ajuda também a libertar seratonina e noradrenalina.[4]
            Temos que ajudar o organismo a que funcione normalmente, através da alimentação, do sono, da respiração profunda que ajuda a relaxar.
Para facilitar o sono é aconselhável comer tomate e banana, não fazer exercício físico depois das 18:00 horas, não tomar à noite café, chá preto, refrigerantes e bebidas alcóolicas. É bom que se tome água ou sucos, fazer refeições leves, como também manter o quarto na temperatura adequada segundo a estação sazonal.
            Fazer actividades que se ansiava fazer, mas por inúmeras razões sempre foi sendo adiado, o curso que sempre desejou fazer, a viagem dos seus sonhos.
            Mudar a decoração da casa ou pintar as paredes de uma outra cor, bem como ter flores em casa dará um novo ânimo. Receber massagens e mimar-se, também ajuda na recuperação.
            Ter fé em Deus, ajuda a aliviar o stress emocional.
           


Quando o ex-marido volta a casar e a sua actual esposa oferece um presente ao seu filho, é conveniente que não recrimine os filhos, porque faz com que a criança pense que traiu a confiança da mãe. Para não sentir-se mal perante esta situação, reforce os vínculos afectivos com os seus filhos.

5.2 Divórcio na Perspectiva Masculina

A tristeza normal da crise inicial de um divórcio parece não se reduzir ou ainda pior evolui para uma depressão permanente.
  Existe uma incapacidade grave de cumprir as tarefas normais da vida, como ocupar-se das finanças e ir trabalhar regularmente, tratar da alimentação e da saúde das crianças, ou mostra uma tendência de repousar completamente sobre os outros que os ajudam;
A pessoa deixa de cuidar de si mesma em todos os aspectos devido ao desânimo, se lamenta, por exemplo como sou infeliz, Deus não me escuta …
 Por outro lado comportamentos opostos a estes podem também indicar que é necessário terapia:[5]

“Uma euforia excessiva acompanhada por forte negação de sofrimento e mesmo sinais de alívio, finalmente tudo acabou.
Pôr toda a culpa encima do companheiro no passado e no presente.
Uma atitude de burro de trabalho que procura uma anestesia de espírito e uma ilusão de que tudo está bem, eu sou muito forte.
Um forte desejo de se comportar como um adolescente e procurar á aprovação de pessoas do outro sexo, o que pode conduzir a uma atitude de promiscuidade que não enquadra com a personalidade dessa pessoa.”[6]




            O divórcio na perspectiva masculina se inicia, quando ele faz uma retrospectiva das tentativas realizadas e esperanças perdidas. Os homens, apesar de serem considerados socialmente como o sexo forte, também são seres humanos e são pessoas dependentes em uma relação também. Muitas vezes eles pensam se não estão presos ao casamento por comodismo, por egoísmo e quando chegam a conclusão que o casamento acabou, muitos homens resistem a esta conclusão, porque a opinião das outras pessoas que estão casadas são importantes, pois se sentem excluídos, admitir que o casamento acabou é um acto de coragem.
            Para os homens, o que mais lhes influencia no momento de decidir divorciar-se é o facto de se separarem dos filhos, porque têm medo de perderem o contacto com os filhos, ou que estes venham a não ser bem tratados e que não serão bem alimentados.
            A tendência masculina de terminar uma relação é sair de casa sem nada comunicar. É necessário comunicar ao cônjuge que é seu desejo que a relação termine, se a esposa concorda, inicia-se o processo judicial. Se a esposa não concordar, o marido tem que dizer que é uma decisão definitiva e que entrará com o processo judicial, bem como comunicar os filhos que vai divorciar-se, porque as crianças sentem que o ambiente familiar não está muito bem, é necessário contar o que está acontecendo, magoando o mínimo possível e não dando falsas ilusões. O divórcio dos pais sempre deixará algumas marcas na criança e será o comportamento dos pais a determinar se as marcas deixadas na criança serão profundas ou não.
            Conforme a idade da criança, o modo como eles reagem ao divórcio difere: se tiverem 5 anos podem voltar a urinar nas calças, ter problemas durante o sono e chorar sem motivo. Até os 8 anos podem pedir aos pais para não ir à escola. Entre os 9 e os 12 anos, as crianças podem sentir-se culpados e inseguros, não querem ir para a escola nem conversar com os amigos e podem ter raiva de um dos progenitores, sentindo-se deprimidos e sozinhos, sem saber em quem confiar e em quem se pode apoiar.
            Os adolescentes expressam o seu sofrimento, através da rebeldia, tendo a tendência de afastar-se das pessoas. Também podem ficar depressivos e necessitar de cuidados médicos e a própria fase da adolescência acentua o seu estado de ânimo.[7]



            Quando o divórcio se concretiza e foi comunicado a todas as pessoas afectadas pela ruptura, para o homem começa uma nova fase de vida em que muda de casa, deve esquecer os sonhos construídos com a pessoa de quem se divorciou, viverá novas experiências, porque voltando a estar solteiro terá que começar um relacionamento do início, e principalmente os amigos se dividem e muitas vezes se perdem todos os amigos, sendo necessário criar novos grupos de amigos e readaptar toda uma vida.
            O homem quando se divorcia, tem que começar a fazer as contas para conseguir sobreviver e pagar a pensão alimentar e outros gastos. Para começar é necessário cortar os gastos que são dispensáveis. É importante não fazer empréstimos, e não fazer compras à prazo. Tudo que se possa poupar, o ajudará a pagar a pensão alimentar, idas ao médico ou ao psicólogo para a pessoa que se divorciou ou para os filhos e caso perca o emprego, é bom ter algum dinheiro guardado para o que for necessário.
            O momento com os filhos é algo muito precioso para ambos, que não pode ser substituído por qualquer compromisso e ser pontual no encontro. O pai apesar de querer satisfazer os desejos dos filhos, para que se sintam felizes, é necessário que passem com eles tempo de qualidade, interessados nas crianças como pessoas e brincando com eles, também deve educá-los como o fariam se estivessem vivendo na mesma casa que as crianças.
            Estar na casa do pai, não significa que a criança poderá fazer tudo que quiser, também tem que saber que existem regras, principalmente se por qualquer razão, a criança fica na casa do pai e a criança necessita ir para a escola no dia seguinte, dar horário para entrar em casa se o filho for adolescente ou então ir levá-lo e ir buscá-lo. Quando os filhos chegam na adolescência, é normal que troquem ou queiram trocar o fim-de-semana em que está destinado para passar com o pai que ele queira passá-lo com os amigos, porém os filhos continuam gostando dos pais e sabem que a sua casa é um lugar seguro para eles. Os encontros com o pai terão que ter mais flexibilidade, podem se encontrar durante a semana ou até viajarem ou passarem o período de férias juntos, sempre combinando previamente com a mãe das crianças.       







            Conforme os filhos vão crescendo, é bom ouvir a opinião deles, sobre quais são as actividades que eles querem fazer quando estão com o pai, embora o pai também pode sugerir alguma actividade cultural ou a visita a uma exposição, que ache interessante. Caso a pessoa tenha filhos de diferentes idades, é importante misturar as actividades que interessem a ambos os filhos. É bom ter momentos em particular com cada filho, para que se possam abrir e conversar abertamente sobre o que lhe incomoda.
            É importante que o filho veja que o pai apesar de criar e viver com eles momentos especiais, ele não é um super herói e como todas as pessoas tem uma vida normal, vai ao supermercado e paga contas. Os pais não podem transformar a culpa que sentem por alguma coisa em presentes.
            Quando o pai consegue ter a sua casa, essa casa não precisa ser como a casa da mãe, é preciso que a criança saiba que aquele novo espaço, é o espaço do pai e ele aceita que a rotina e os estilos são diferentes. O filho tem que sentir que faz parte da família e do novo espaço e que não é uma visita.
A casa do pai tem que ter o mínimo de conforto, não precisa ter muitos móveis, mas o mínimo de estrutura. Se o filho for pequeno, é bom trazer coisas suas que ele aprecia da casa da mãe, para que ele se sinta confortável e acolhido. Se o filho for adolescente, é aconselhável, que ele ajude a escolher os móveis da casa ou do seu quarto, deste modo se sentirão integrados desde o princípio. Caso o ex-marido viva com os pais, os filhos se sentirão melhor, porque têm os avós, os primos que aparecem e eles se sentem como em casa. Deixar algumas coisas, como roupas, escova de dentes na casa do pai, facilita a vida das crianças, do pai e da ex-esposa.
O pai apesar de não estar muito presente na vida dos filhos, não lhes pode dar tudo que eles querem, é necessário que haja limites, os limites se dão através das datas especiais: Natal, Dia da Criança e Aniversário. A criança sabe, que se não recebeu o que queria em uma data, receberá na outra, porque é necessário também economizar dinheiro, para fazer face às despesas da sua casa, porque são duas casas a manter, a pensão alimentar, os gastos com a saúde e educação.
Não use seus filhos como confidentes e não perguntem de quem eles gostam mais, por mais que a ex-esposa te tenha magoado e você ache que ela não é uma boa mãe, continua sendo a mãe deles e não transmita os seus sentimentos negativos para eles.


“Ser um bom pai significa, fazer o possível para facilitar o contacto e esperar que eles amem e sejam amados tanto pelo pai, como pela mãe”[8]





[1] SANTORO, Eliane. Divórcio para Elas, Carnaxide, Lisboa: Smartbook, 2009
[2] ROJAS MARCOS, Luís. La Pareja, Madrid: Espasa-Calpe. 2003. p.137.
[3] MARTINEZ VILLA, Jorge. Mas alla del dolor. Superando las perdidas y el duelo. Barcelona: Andamio. 2006, p. 176-182

[4] SANTORO, Eliane. Divórcio para Elas, Carnaxide, Lisboa: Smartbook, 2009, pp. 89-94
[5] LEHMANN, Richard. Op. Cit, p. 245
[6] Ibid, p. 245
[7] SANTORO, Eliane. Divórcio para Elas, Carnaxide, Lisboa: Smartbook, 2009, pp. 53-54
[8] SANTORO, Eliane. Divórcio para Eles, Carnaxide, Lisboa: Smartbook, 2009, p.117