sábado, 14 de maio de 2011

A Divindade de Jesus Perante a História

Após o testemunho apostólico, os cristãos continuaram a afirmar a divindade de Cristo. A história da Igreja dá conta de que só por volta do ano 190 dC um comerciante bizantino de nome Teodoto teria negado a divindade do Salvador. Quando ele teve a sua crença não ortodoxa confrontada, respondeu: "Não neguei a Deus, mas a um homem". No entanto, o debate mais caloroso ocorreu quando Ário, um presbítero de Alexandria (318-320), negou a divindade de Cristo. "Aí pelo ano 320, quando era padre influente na chefia da igreja de Bankalis, começou a espalhar ideias em torno da Trindade, as quais provocaram polémicas". Em uma carta que escreveu a Eusébio, Ário afirmou que Cristo fora criado do nada por obra do Pai. No ano 325 dC, o Concílio de Nicéia condenou Ário por heresia. Entre outras coisas, o Concílio de Nicéia afirmava sobre a divindade de Cristo: "Filho unigénito de Deus, unigénito do Pai de todos os mundos, luz das luzes, verdadeiro Deus do verdadeiro Deus, sendo uma só substância com o Pai; por quem todas as coisas foram feitas (...) desceu do Céu e foi encarnado pelo Espírito Santo no ventre da Virgem Maria, se tornando homem".
Fica clara a confirmação da divindade de Cristo na relação desse documento. O documento apenas confirmou uma crença já existente, não criando nem inventando nada de novo, como muitos querem forçar-nos a acreditar.
Josh McDowell observa oportunamente que "é importante compreender que essas reuniões de crentes não foram realizadas para sancionar posições teológicas emergentes. Pelo contrário, eles se reuniram para responder para aqueles que se opunham à posição bíblica ortodoxa, já considerada verdadeira". De facto, os cristãos primitivos estavam certos de que Jesus Cristo era o Deus revelado nas páginas do Antigo Testamento.
            Tanto Paulo como Pedro, dois dos mais importantes líderes da Igreja Primitiva, destacam em suas obras a divindade de Cristo. Em sua carta a Tito, o apóstolo dos gentios diz:

"Aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus[1]

            Por outro lado, Pedro usa a mesma construção gramatical empregada por Paulo para dizer a mesma verdade:

"Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo, aos que connosco obtiveram a fé igualmente preciosa na justiça do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo”[2]


Todas essas referências mostram claramente a divindade de Cristo, mas há mais uma que merece a nossa especial atenção. É aquela registrada no Evangelho de João, em seu primeiro capítulo:

"No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era
Deus"[3]

Uma observação do versículo de João 1:1 na Bíblia Interlinear Grego – Espanhol mostra-nos: kaí theós ên hó logos – “'E Deus era a Palavra'". O artigo definido “” está acompanhando a palavra “logos”, segundo a regra gramatical grega: hó logos está no caso nominativo, esta palavra pertence a segunda declinação, sendo masculina e está no singular, portanto, o sujeito da frase, pois o artigo tem que concordar em género e caso, o artigo “” está no caso nominativo masculino e no singular. “Ên” verbo ser no imperfeito do indicativo, segundo a regra gramatical grega: depois do verbo ser, obrigatoriamente a palavra a seguir tem a função de atributo, portanto, “théos”, que significa Deus, nesta frase, exerce a função de atributo. O que Deus era, a Palavra era.
Martinho Lutero disse que a ausência do artigo é a prova contra o sabelianismo (ensino que diz haver uma essência - Deus - que se manifestou em três formas sucessivas), enquanto a ordem das palavras é uma prova contra o arianismo (ensino que diz não existir a trindade divina).
Expor isto de outra forma ajuda-nos a enxergar como operam as diferentes construções gregas:
1) Kaí hó lógos ên hó theós – "E a Palavra era o Deus" (isto é, o Pai -
sabelianismo).
2) Kaí hó lógos ên theós – "E a Palavra era um deus" (arianismo).
3) Kaí theós ên hó logos – "E a Palavra era Deus" (é o que está escrito na
Bíblia).




[1]
ALMEIDA, João Ferreira de, Bíblia Sagrada. São Paulo, Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil, 1995
Tito 2:13
[2] 
ALMEIDA, João Ferreira de, Bíblia Sagrada. São Paulo, Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil, 1995
 II Pedro 1:1
[3]
ALMEIDA, João Ferreira de, Bíblia Sagrada. São Paulo, Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil, 1995
 João 1:1