sábado, 14 de março de 2015

Processo de Canonização do Cânon Veterotestamentário

O cânon veterotestamentário foi guiado pelos critérios de autoridade e antiguidade, reconhecendo o carácter sagrado daqueles livros, podia-se encontrar a sua origem e a época em que foi escrito, que teria que ter sido antes em que a cadeia sucessória dos profetas tornou-se definitiva, no reinado do rei Ataxerxes. Os livros canónicos teriam que ser escritos antes desta data.


Os essenios de Qúmram tinham um critério mais amplo de canonicidade. Consideravam que a inspiração profética não havia terminado com Malaquias. Novos livros apresentaram-se com novas revelações. O livro de Enoque, pseudo-epígrafo, contém novas revelações ‘ segundo o que me foi mostrado em uma visão celestial, e o que sei pela palavra do santo anjo e aprendi das tábuas celestes’ (81:2 e 103:2 e 3)[1]


O término leva implícita a distinção entre os livros inspirados e não inspirados, autorizados e não autorizados. Esta distinção é muito difícil de aplicar no caso de livros como os de Tobias, Sabedoria, Ben-Sira, Enoque, Jubileus e alguns escritos de Qúmram.[2]


A literatura religiosa desprovida de limites demarcados, torna-se vaga, mas expressa melhor a realidade, que o término “cânon”, que segundo Beckwith, é aplicado a uma colecção já estabelecida na época macabéia.
Nas discussões rabínicas sobre o carácter inspirado de um livro entravam considerações tais como, o possível carácter secular do livro em questão, e as possíveis contradições de um livro determinado, a respeito das leis contidas na Torá. Os diferentes modos de harmonizar passagens bíblicas contraditórias, conduziram à formação de diferentes escolas de interpretação e foram um elemento acrescentado na progressiva diferenciação entre as grandes escolas de saduceus, fariseus e essenios. A literatura rabínica posterior tratou de resolver toda a contradição entre os textos que integram o cânon.
            Os numerosos intentos para resolver dúvidas acerca de contradições bíblicas, demonstram que o carácter canónico destes livros, não era posto em causa, pois pelo contrário, não fariam tantos esforços.




[1] TREBOLLE, J. La Bíblia Judia y la Bíblia Cristiana,Madrid, Trotta, 1993 p. 167
[2] TREBOLLE, J.Op. Cit, Madrid, Trotta, 1993 p. 167

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