1.1 Educação
para o Amor e a Convivência
A falta de interesse das pessoas em se informar convenientemente, e do
hábito de não haver um reforço na parte psicológica da criança ou do
adolescente sobre o desenvolvimento de cada indivíduo, bem como educação
pré-matrimonial, influenciarão na vida adulta da pessoa, pois para muitos faz
parte do ciclo da vida e chegando o momento, as pessoas saberão o que fazer,
então não dão muita ênfase neste aspecto.
O amor humano é o fundamento principal para construir um casamento. Sem
este factor, não se produz uma convivência adequada.
Cada
casal necessita saber quais são as forças da relação, seus riscos, seus pontos
frágeis, os tratamentos adequados e inclusive, admitir que o relacionamento
terminou.
A educação de uma pessoa para conviver
futuramente como casal, começa cedo. Se inicia com a educação recebida pelos
pais, cada valor ensinado e apreendido pela criança a faz amadurecer, e quando
a pessoa vai ao longo da vida amadurecendo psicologicamente, os valores
espirituais que a pessoa possa ter, são confirmados e melhor sedimentados. A
disciplina é dada com sabedoria, amor e compreensão. A beleza do cônjuge reside
nas suas qualidades e na sua estrutura psicológica-emocional, não no aspecto
físico.
Um
lar bem sedimentado inicia a sua formação com duas pessoas que se amem
verdadeiramente, em que a bondade, a amabilidade, a compreensão, simpatia,
ternura e o amor são recíprocos,[1] desta
forma, se cria uma convivência saudável e uma atmosfera que reflecte o ideal de
Deus para a família.
O
relacionamento conjugal para ser bem sucedido, é aconselhável que seja sincero
e transparente, em opiniões e ideais, os gestos de cortesia e conquista que existem
no namoro devem ser mantidos. É através do amor mútuo que se consegue o
descanso que os problemas da vida trazem.
“Deveria haver
menos ostentação e influência de urbanidade mundana entre os membros da
família, e muito mais amor, ternura, alegria e cortesia cristã. Muitos
necessitam aprender a fazer do lar um lugar atractivo e prazenteiro. Os
corações agradecidos e os olhares bondosos são de mais valor que as riquezas e
o luxo, e o contentar-se com coisas simples fará feliz o lar se nele existe
amor.”[2]
“Dios nos prueba por los sucesos
comunes de la vida. Son las cosas pequeñas las que revelan lo más recóndito del
corazón. Son las pequeñas atenciones, los numerosos incidentes cotidianos y las
sencillas cortesías, las que constituyen la suma de la felicidad en la vida; y
el descuido manifestado al no pronunciar palabras bondadosas, afectuosas y
alentadoras ni poner en práctica las pequeñas cortesías, es lo que contribuye a
formar la suma de la miseria de la vida.”[3]
A submissão mútua também contribui para que haja
uma unidade perfeita entre o casal, em que o marido proporciona à esposa a
segurança que ela necessita em todos os aspectos da vida como também psicológico,
ambos confiam plenamente um no outro e como consequência, a esposa o respeita e
o ama profundamente, sentimento que brota naturalmente, porque recebe este amor
do marido, os cônjuges, se respeitam mutuamente em palavras, em actos e cada
cônjuge tem o seu espaço para poder viver e agir dentro do relacionamento,
conforme está retratado em Efésios 5,22-25. Ambos se complementam mutuamente em
personalidade, porque sabem que quando um já não tem forças para continuar, o
outro o sustém e o anima a seguir, ajudando deste modo a ultrapassar a situação.
Significa também que ambos conversam sobre as decisões a tomar e chegam a um
acordo mutuamente, porque existe confiança incondicional um no outro e também
existe o apego seguro, que se transmite através do cuidado, da ternura e de um
aumento da auto-estima.
A
mulher tenta ocupar um lugar que não é o seu, este facto faz com que muitas
vezes ela não cumpra o plano de Deus para sua vida. Ela tem que estar preparada
para a vida, porém tem que ser submissa a seu marido, amando-o profundamente. O
marido deve amar a esposa, pois Cristo ama o ser humano e tenta restaurar-lhe.
A
pessoa quando quer casar, tem que levar em consideração a maneira de ser do
cônjuge escolhido e se esta maneira de ser, preenche as suas necessidades. Muitas
vezes o casamento não encontra a sua máxima expressão na família, porque as
pessoas envolvidas não souberam ver pequenos detalhes essenciais para um
relacionamento feliz. Se um dos cônjuges somente pensa em si mesmo e em seus
caprichos, acusa constantemente o seu companheiro, é exigente e atribui a seu
cônjuge motivos e sentimentos derivados do seu temperamento forte, de certo
modo, pouco a pouco está destruindo o seu casamento. Os cônjuges devem
enobrecer o carácter um do outro através do amor, se ajudando mutuamente a
ultrapassar os problemas e cultivando o amor e a confiança.[4]
A
comunicação conjugal é essencial para a construção de um amor firme e seguro.
Todo o processo de namoro requer a necessidade de conhecer-se integramente. Abrangendo
o passado, presente e futuro, em especial o futuro. O diálogo sempre deve ser
fruto do amor e da liberdade, são premissas necessárias para que a relação
funcione correctamente. A profundidade do amor e a correspondência amorosa por
si mesmas irão marcando o diálogo e a entrega.
O casamento é uma instituição na qual
o casal decidiu entrar livremente. O fundamental é, sem dúvida, a intimidade e o
compartilhar a vida. Desde aqui surgirá a cooperação económica, a educação dos
filhos e a reprodução.
A
íntima comunidade de vida e amor se estabelece sobre o consentimento pessoal
dos cônjuges. O amor é a peça chave para que o casamento funcione, e tenha
raízes estáveis, convertendo-se em uma fonte de alegria e paz permanente.
Em
um lar deve haver amor verdadeiro em que todos os seus integrantes se sintam
bem, e estejam em harmonia uns com os outros, este amor é demonstrado em actos
e palavras. O amor verdadeiro e sincero cria uma atmosfera de encanto em que a
família vive feliz e as tarefas desempenhadas pela esposa não lhe parecem um
fardo, sendo submissa ao marido, porém não se sente escravizada, mas sim sua
companheira, ela tem um espírito alegre e se regozija no Senhor. No lar deve
criar-se uma atmosfera em que se pode respirar e sem o qual não se pode viver.[5] O
casal não deve exercitar em excesso os aspectos negativos da natureza humana. Uma
vida espiritual activa, também ajuda a que o casal se mantenha unido no Senhor.
É preciso haver compreensão e tolerância, respeitando ou partilhando as crenças
religiosas.
Muitas
vezes o casal discute muito, e não têm unidade conjugal, porque não são mansos
nem humildes e não reflectem a Cristo em suas vidas. A bondade e o amor devem
ser uma influência constante no lar. O casal tem sempre que pensar em não ferir
um ao outro. O marido deve fortalecer a sua esposa, animá-la e ter cuidado com
os seus sentimentos, pronunciando palavras bondosas e amáveis.
As responsabilidades têm que ser
divididas entre os cônjuges, para que ambos possam usufruir da vida familiar e
da responsabilidade de educar e orientar os filhos.
O marido deve manter o seu aspecto
calmo, quando chega em casa depois de um dia de trabalho, a família necessita
da sua atenção e paciência, tanto quanto as pessoas com quem contacta durante o
dia.
O núcleo familiar, é o ecossistema do
ser humano, que ele necessita para desenvolver-se, crescer, renovar-se e
restaurar-se. Os homens buscam aprovação dos outros e de suas esposas, quando
não as têm, não se sentem amados, respeitados e sentem que não obtiveram êxito.
As esposas por sua vez, buscam relacionamentos próximos e íntimos com seus
maridos, quando não conseguem alcançar este tipo de relacionamento, não sentem
amor, afeição e segurança.[6]
Cada cônjuge necessita ter
auto-estima, a auto-estima surge quando conhecemos a nós mesmos, conhecendo as
nossas necessidades, saberemos o que nos falta e se conseguirmos comunicá-la,
será melhor para ambos e consequentemente para a família[7].
A
vida em casal está sempre em mudança para ambos, para nutrir o relacionamento é
necessário conhecer-se. [8] “Ser aberto e honesto contigo mesmo, não é
emocionalmente suficiente neste tipo de crescimento. Tentando preencher a ti
mesmo agora, só terás complicações no futuro” [9]
O
amor se torna verdadeiro quando a felicidade do cônjuge se torna mais
importante que a nossa própria felicidade.
Muitos
casais, depois que se casam, continuam com o mesmo nível de comunicação que
tinham antes, este facto prejudica o casamento. Cada cônjuge necessita estar
bem consigo mesmo e sentir-se confortável dentro da relação. [10]
A
mulher pensa em pessoas e sentimentos, age e se comunica com este objectivo e
necessita escutar certas coisas, mesmo que ela já o saiba. O homem pensa em
teorias e ideias abstractas, não necessita de escutar tanto como a mulher, ele
demonstra a sua afeição fazendo alguma coisa que a esposa queira, com um ruído
específico, um carinho ou apenas com um olhar.[11]
A intimidade em um casal traz
bem-estar, satisfação mútua, alegria, serenidade, paz,[12] são
os frutos de um relacionamento bem estruturado, baseado na resposta profunda
das necessidades do cônjuge. Quando a intimidade humana à nível de casal está
bem desenvolvida, automaticamente nasce no casal uma espiritualidade saudável.
Na intimidade do casal e da família, também é necessário que haja conversa,
quando as pessoas estejam receptivas para isso, escutando o que a pessoa tem a
dizer, tentando encontrar a melhor solução para o seu problema, o toque, o
abraço são elementos fundamentais para o desenvolvimento e bem-estar dos
membros da família.[13]
Saber viver como casal é importante, passando tempo com o cônjuge e se
necessário for, mudando certos hábitos.
O
papel da esposa e do marido, vão mudando conforme as circunstâncias da vida e
os anos de casamento.
A família cria um espaço de
convivência, em que cada pessoa exerce a sua função, segundo o projecto de vida
escolhido. O vínculo que une o casal, biblicamente se denomina aliança, esta
aliança é o resultado do projecto escolhido pelo casal e o compromisso de
realizar cujo projecto juntos. O tempo determinado para a realização do
projecto seria enquanto o casal viva, porém é o casal que determinará a duração
do compromisso e da realização ou não do projecto que fizeram.
[3] WHITE, Ellen. Joyas de los
Testimonios, tomo 1, Biblioteca Cristiana Adventista, p. 206
[4] WHITE, Ellen. Op. Cit, p. 91
[5] GONZALEZ NUÑEZ, Ángel. La Pareja
Humana en la Biblia, Madrid: San Pablo, 1994, p. 51
[7] SELF, Carolyn Shealy et, William L. Self. Survival Kit for Marriage, Nampa , Estados Unidos:
Pacific Press, 1998, p. 14
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