terça-feira, 27 de outubro de 2015

Parte I - Necessidade de Entendimento no Casal

1.1 Educação para o Amor e a Convivência

            A falta de interesse das pessoas em se informar convenientemente, e do hábito de não haver um reforço na parte psicológica da criança ou do adolescente sobre o desenvolvimento de cada indivíduo, bem como educação pré-matrimonial, influenciarão na vida adulta da pessoa, pois para muitos faz parte do ciclo da vida e chegando o momento, as pessoas saberão o que fazer, então não dão muita ênfase neste aspecto.
            O amor humano é o fundamento principal para construir um casamento. Sem este factor, não se produz uma convivência adequada.
            Cada casal necessita saber quais são as forças da relação, seus riscos, seus pontos frágeis, os tratamentos adequados e inclusive, admitir que o relacionamento terminou.
A educação de uma pessoa para conviver futuramente como casal, começa cedo. Se inicia com a educação recebida pelos pais, cada valor ensinado e apreendido pela criança a faz amadurecer, e quando a pessoa vai ao longo da vida amadurecendo psicologicamente, os valores espirituais que a pessoa possa ter, são confirmados e melhor sedimentados. A disciplina é dada com sabedoria, amor e compreensão. A beleza do cônjuge reside nas suas qualidades e na sua estrutura psicológica-emocional, não no aspecto físico.
            Um lar bem sedimentado inicia a sua formação com duas pessoas que se amem verdadeiramente, em que a bondade, a amabilidade, a compreensão, simpatia, ternura e o amor são recíprocos,[1] desta forma, se cria uma convivência saudável e uma atmosfera que reflecte o ideal de Deus para a família.
            O relacionamento conjugal para ser bem sucedido, é aconselhável que seja sincero e transparente, em opiniões e ideais, os gestos de cortesia e conquista que existem no namoro devem ser mantidos. É através do amor mútuo que se consegue o descanso que os problemas da vida trazem.

“Deveria haver menos ostentação e influência de urbanidade mundana entre os membros da família, e muito mais amor, ternura, alegria e cortesia cristã. Muitos necessitam aprender a fazer do lar um lugar atractivo e prazenteiro. Os corações agradecidos e os olhares bondosos são de mais valor que as riquezas e o luxo, e o contentar-se com coisas simples fará feliz o lar se nele existe amor.”[2]

“Dios nos prueba por los sucesos comunes de la vida. Son las cosas pequeñas las que revelan lo más recóndito del corazón. Son las pequeñas atenciones, los numerosos incidentes cotidianos y las sencillas cortesías, las que constituyen la suma de la felicidad en la vida; y el descuido manifestado al no pronunciar palabras bondadosas, afectuosas y alentadoras ni poner en práctica las pequeñas cortesías, es lo que contribuye a formar la suma de la miseria de la vida.”[3]


            A submissão mútua também contribui para que haja uma unidade perfeita entre o casal, em que o marido proporciona à esposa a segurança que ela necessita em todos os aspectos da vida como também psicológico, ambos confiam plenamente um no outro e como consequência, a esposa o respeita e o ama profundamente, sentimento que brota naturalmente, porque recebe este amor do marido, os cônjuges, se respeitam mutuamente em palavras, em actos e cada cônjuge tem o seu espaço para poder viver e agir dentro do relacionamento, conforme está retratado em Efésios 5,22-25. Ambos se complementam mutuamente em personalidade, porque sabem que quando um já não tem forças para continuar, o outro o sustém e o anima a seguir, ajudando deste modo a ultrapassar a situação. Significa também que ambos conversam sobre as decisões a tomar e chegam a um acordo mutuamente, porque existe confiança incondicional um no outro e também existe o apego seguro, que se transmite através do cuidado, da ternura e de um aumento da auto-estima.
            A mulher tenta ocupar um lugar que não é o seu, este facto faz com que muitas vezes ela não cumpra o plano de Deus para sua vida. Ela tem que estar preparada para a vida, porém tem que ser submissa a seu marido, amando-o profundamente. O marido deve amar a esposa, pois Cristo ama o ser humano e tenta restaurar-lhe.
            A pessoa quando quer casar, tem que levar em consideração a maneira de ser do cônjuge escolhido e se esta maneira de ser, preenche as suas necessidades. Muitas vezes o casamento não encontra a sua máxima expressão na família, porque as pessoas envolvidas não souberam ver pequenos detalhes essenciais para um relacionamento feliz. Se um dos cônjuges somente pensa em si mesmo e em seus caprichos, acusa constantemente o seu companheiro, é exigente e atribui a seu cônjuge motivos e sentimentos derivados do seu temperamento forte, de certo modo, pouco a pouco está destruindo o seu casamento. Os cônjuges devem enobrecer o carácter um do outro através do amor, se ajudando mutuamente a ultrapassar os problemas e cultivando o amor e a confiança.[4]
            A comunicação conjugal é essencial para a construção de um amor firme e seguro. Todo o processo de namoro requer a necessidade de conhecer-se integramente. Abrangendo o passado, presente e futuro, em especial o futuro. O diálogo sempre deve ser fruto do amor e da liberdade, são premissas necessárias para que a relação funcione correctamente. A profundidade do amor e a correspondência amorosa por si mesmas irão marcando o diálogo e a entrega.
O casamento é uma instituição na qual o casal decidiu entrar livremente. O fundamental é, sem dúvida, a intimidade e o compartilhar a vida. Desde aqui surgirá a cooperação económica, a educação dos filhos e a reprodução.
            A íntima comunidade de vida e amor se estabelece sobre o consentimento pessoal dos cônjuges. O amor é a peça chave para que o casamento funcione, e tenha raízes estáveis, convertendo-se em uma fonte de alegria e paz permanente.
            Em um lar deve haver amor verdadeiro em que todos os seus integrantes se sintam bem, e estejam em harmonia uns com os outros, este amor é demonstrado em actos e palavras. O amor verdadeiro e sincero cria uma atmosfera de encanto em que a família vive feliz e as tarefas desempenhadas pela esposa não lhe parecem um fardo, sendo submissa ao marido, porém não se sente escravizada, mas sim sua companheira, ela tem um espírito alegre e se regozija no Senhor. No lar deve criar-se uma atmosfera em que se pode respirar e sem o qual não se pode viver.[5] O casal não deve exercitar em excesso os aspectos negativos da natureza humana. Uma vida espiritual activa, também ajuda a que o casal se mantenha unido no Senhor. É preciso haver compreensão e tolerância, respeitando ou partilhando as crenças religiosas.
            Muitas vezes o casal discute muito, e não têm unidade conjugal, porque não são mansos nem humildes e não reflectem a Cristo em suas vidas. A bondade e o amor devem ser uma influência constante no lar. O casal tem sempre que pensar em não ferir um ao outro. O marido deve fortalecer a sua esposa, animá-la e ter cuidado com os seus sentimentos, pronunciando palavras bondosas e amáveis.
As responsabilidades têm que ser divididas entre os cônjuges, para que ambos possam usufruir da vida familiar e da responsabilidade de educar e orientar os filhos.
O marido deve manter o seu aspecto calmo, quando chega em casa depois de um dia de trabalho, a família necessita da sua atenção e paciência, tanto quanto as pessoas com quem contacta durante o dia.
O núcleo familiar, é o ecossistema do ser humano, que ele necessita para desenvolver-se, crescer, renovar-se e restaurar-se. Os homens buscam aprovação dos outros e de suas esposas, quando não as têm, não se sentem amados, respeitados e sentem que não obtiveram êxito. As esposas por sua vez, buscam relacionamentos próximos e íntimos com seus maridos, quando não conseguem alcançar este tipo de relacionamento, não sentem amor, afeição e segurança.[6]
Cada cônjuge necessita ter auto-estima, a auto-estima surge quando conhecemos a nós mesmos, conhecendo as nossas necessidades, saberemos o que nos falta e se conseguirmos comunicá-la, será melhor para ambos e consequentemente para a família[7].
A vida em casal está sempre em mudança para ambos, para nutrir o relacionamento é necessário conhecer-se. [8]Ser aberto e honesto contigo mesmo, não é emocionalmente suficiente neste tipo de crescimento. Tentando preencher a ti mesmo agora, só terás complicações no futuro” [9]
O amor se torna verdadeiro quando a felicidade do cônjuge se torna mais importante que a nossa própria felicidade.
Muitos casais, depois que se casam, continuam com o mesmo nível de comunicação que tinham antes, este facto prejudica o casamento. Cada cônjuge necessita estar bem consigo mesmo e sentir-se confortável dentro da relação. [10]
A mulher pensa em pessoas e sentimentos, age e se comunica com este objectivo e necessita escutar certas coisas, mesmo que ela já o saiba. O homem pensa em teorias e ideias abstractas, não necessita de escutar tanto como a mulher, ele demonstra a sua afeição fazendo alguma coisa que a esposa queira, com um ruído específico, um carinho ou apenas com um olhar.[11]
A intimidade em um casal traz bem-estar, satisfação mútua, alegria, serenidade, paz,[12] são os frutos de um relacionamento bem estruturado, baseado na resposta profunda das necessidades do cônjuge. Quando a intimidade humana à nível de casal está bem desenvolvida, automaticamente nasce no casal uma espiritualidade saudável. Na intimidade do casal e da família, também é necessário que haja conversa, quando as pessoas estejam receptivas para isso, escutando o que a pessoa tem a dizer, tentando encontrar a melhor solução para o seu problema, o toque, o abraço são elementos fundamentais para o desenvolvimento e bem-estar dos membros da família.[13] Saber viver como casal é importante, passando tempo com o cônjuge e se necessário for, mudando certos hábitos.
O papel da esposa e do marido, vão mudando conforme as circunstâncias da vida e os anos de casamento.
A família cria um espaço de convivência, em que cada pessoa exerce a sua função, segundo o projecto de vida escolhido. O vínculo que une o casal, biblicamente se denomina aliança, esta aliança é o resultado do projecto escolhido pelo casal e o compromisso de realizar cujo projecto juntos. O tempo determinado para a realização do projecto seria enquanto o casal viva, porém é o casal que determinará a duração do compromisso e da realização ou não do projecto que fizeram.






[1] WHITE, Ellen. Hogar Cristiano, Biblioteca  Cristiana Adventista 2011, p. 90
[2] Ibid. p. 93
[3] WHITE, Ellen. Joyas de los Testimonios, tomo 1, Biblioteca Cristiana Adventista, p. 206
[4] WHITE, Ellen. Op. Cit, p. 91
[5] GONZALEZ NUÑEZ, Ángel. La Pareja Humana en la Biblia, Madrid: San Pablo, 1994, p. 51
[6] ELDREDGE, Robert Sir. Can Divorced Christians Remarry?, Michigan: Zondervan, 2002, p. 80
[7] SELF, Carolyn Shealy et, William L. Self. Survival Kit for Marriage, Nampa, Estados Unidos: Pacific Press, 1998, p. 14
[8] Ibid, p. 17
[9] Ibid, p. 15
[10] Ibid, p. 18
[11] Ibid, p. 19
[12] Ibid, p. 59
[13] Ibid, p. 73

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