quarta-feira, 28 de outubro de 2015

1.2 Preparação Pré-Matrimonial

Os pastores em suas igrejas devem dar palestras aos jovens, como também tentar obter conhecimentos sobre psicologia para conseguir descobrir quais são as personalidades das pessoas, para aconselhar adequadamente e orientá-los, porque na vida conjugal é importante que as pessoas se completem e se entendam mutuamente.
As expectativas conjugais, muitas vezes não correspondem ao que as pessoas imaginam que seja o casamento, porque continuam existindo problemas, financeiros, acrescentando o detalhe que agora o casal é independente e tem que resolver os seus problemas sozinhos, existem os sogros, os filhos para educar e para as pessoas que acreditam em Deus, duas vidas espirituais para cuidar. O facto de ambos acreditarem em Deus e terem uma vida religiosa activa, não os livra de terem problemas, é necessário compreender as diferenças, os valores do cônjuge, os pontos fortes e pontos fracos. Algumas vezes, mesmo sendo um casal cristão, o casamento é baseado na atracção física, o que mais tarde originará frustração e desânimo, que será a fonte de irritações e discussões.[1]
Para ter um casamento de êxito, temos que ser atraídos pela outra pessoa, pelos motivos correctos. As pessoas que nos atraem têm valores semelhantes e nos provê apoio emocional.
A teoria de Ira Reiss segundo consta no livro de Stephen Grunlan, Marriage and the Family – A Christian Perspective, consiste em quatro processos que estão relacionados entre si: bom relacionamento, auto-revelação, dependência mútua, intimidade e necessidade de ser preenchido pelo cônjuge. O relacionamento por amor, é um processo cíclico, que se desenvolve e se aprofunda.
·         Bom Relacionamento: Quando seleccionamos uma pessoa com o intuito de fazermos dela nosso cônjuge, começam a analisar se têm interesses em comum, se sentem-se na presença da outra pessoa, se são capazes de partilhar e de comunicarem facilmente.
·         Auto-Revelação: A auto-revelação surge, a medida que o casal se sente cada vez mais confortável na presença do cônjuge e a comunicação entre o casal, passa de temas superficiais para temas pessoais. Cada pessoa vai revelando a sua história passada e o sentimento de proximidade se desenvolve, isso só ocorre quando há verdadeiro amor.
·         Dependência Mútua: Existindo o verdadeiro amor e uma auto-revelação adequada, surge a mútua dependência, que biblicamente é referido como submissão mútua. O casal se conhecendo muito bem, inicia um processo de desejo mútuo, se divertem juntos, desenvolvem um estilo de vida que envolve a outra pessoa, têm um desejo de estar com a pessoa continuamente, não por medo nem por desconfiança, porque em um relacionamento amoroso a confiança e o amor devem ser inseparáveis e a dependência mútua começa a formar-se e o vínculo amoroso também.


·         Intimidade e Necessidade de Preenchimento: Nesta fase se concentra as mais profundas necessidades do ser humano: aceitação, confiança, apoio e amor. Estes factores são a causa da união ou separação do casal. [2]
Existe uma diferença entre paixão e o amor verdadeiro. A paixão nasce a primeira vista e conquistará tudo. Demanda atenção exclusiva e devoção ocasionando ciúmes. A paixão é caracterizada pela exploração e gratificação directa da necessidade. A paixão é construída baseada na atracção física e gratificação sexual, normalmente o sexo domina o relacionamento. A paixão é estática e egocêntrica, a mudança ocorrida no companheiro tem como objectivo de satisfazer suas próprias necessidades e desejos. A paixão é romantizada, o casal não enfrenta a realidade ou é assustado por ela. A paixão é irresponsável e falha ao considerar as consequências futuras da acção presente.
O amor verdadeiro se encontra em um relacionamento que se desenvolve e se aprofunda, baseado em experiências partilhadas. O verdadeiro amor é construído tendo como alicerces a auto-aceitação, e é partilhado altruisticamente com os outros, porque está baseado na confiança. O verdadeiro amor inclui satisfação sexual, mas não exclui a partilha de outros aspectos da vida. O verdadeiro amor é crescente e se desenvolve, o amor expande o crescimento e a criatividade da pessoa que ama. O verdadeiro amor aumenta a realidade e torna os cônjuges, mais completos e pessoas equilibradas e adequadas uma à outra. O amor verdadeiro é responsável e aceita de maneira feliz as consequências do envolvimento mútuo.
Através do namoro buscamos a relativa segurança e comodidade do lar paterno, iniciando um novo processo, a construção do nosso próprio lar. Desconhecemos como será o percurso. A construção do lar, é composta por nossas decisões, nossa liberdade, e nosso empenho que dispomos para a sua constituição e manutenção. Esta determinação conta com nossa valia pessoal, coragem, diálogo e ânimo com a que dispomos para construir um lar.




            A preparação pré-matrimonial é importante para que os cônjuges possam conhecer-se melhor e terem a certeza que querem dar este importante passo nas suas vidas com determinada pessoa.
            Para iniciar uma relação amorosa estável, é necessário percorrer um processo composto por quatro fases, que na sua totalidade encerram 12 passos sobre a sexualidade correcta para que o casal possa conhecer-se em valores, objectivos e crenças.
            Na primeira fase não existe contacto físico.
O primeiro passo é composto por um olhar de descoberta, em que se analisa a estatura, aspecto, cor, idade e a personalidade. A avaliação do primeiro olhar, determina se a relação continua ou não.
O segundo passo acontece quando os olhares de ambos se encontram, ocorre uma aceleração do coração acompanhado de um rubor que impede o impulso de falar e reagir e sucede o desvio do olhar.
O terceiro passo se inicia quando começa a conversação, começam a conhecer-  -se, perguntando nome, o lugar onde vivem, a que se dedicam, como está o tempo, essa análise permite avançar em sua observação da pessoa a quem pretendem conquistar, se continuam convivendo, podem se conhecerem através das suas opiniões, passatempos, ideias, gostos, esperanças e sonhos para o futuro. Segundo Nancy L. Van Pelt, uma reconhecida sexóloga, escreveu um artigo intitulado Falemos Francamente da Pureza Sexual, ele comenta que é necessário haver mil horas de conversação entre o casal, tanto pessoalmente como por telefone, deste modo, cada pessoa conhecerá o seu companheiro de uma outra maneira e se conseguirem fazerem-  -se vulnerável ao companheiro, a relação conjugal se desenvolverá com êxito.
A segunda fase é composta pelos primeiros contactos físicos.
O quarto passo inicia-se pegando a mão da pessoa para ajudá-la a passar um obstáculo, iniciam-se as gentilezas nas situações corriqueiras da vida, se a jovem aceita esses gestos, é sinal que a relação tem permissão para avançar. Embora os passos anteriores continuam sucedendo.





O quinto passo é passar o braço sobre os ombros, suscitando uma revigoração da emoção de conquista, porque os corpos se tocam pela primeira vez. Aos passos anteriores se une o contacto corporal.
O sexto passo consiste em passar o braço pela cintura. Este gesto recupera a excitação da conquista e o casal, começa a abraçar-se pela cintura, este gesto mostra que o casal está evoluindo no processo de conquista, expressando um maior grau de posse sobre o corpo do companheiro. Neste passo, o nível de comunicação se aprofundam, se fazem grandes confidências, são discutidos e se avaliam os temas da vida, são partilhados os segredos pessoais, o casal começa a se conhecer mutuamente a um nível pessoal bastante profundo. Os objectivos, valores e crenças são analisados neste momento. É nesta fase que se determina se o relacionamento continua ou não, pois se tomam grandes decisões e se consegue ver a compatibilidade do casal.
A terceira fase envolve o contacto íntimo em que não há contacto sexual directo, mas o facto de se olharem frente a frente denota o fim de uma fase e o início de outra. Passar ao acto sexual nesta fase é estragar a formação de uma união saudável, que destrói o casamento mais tarde. Nesta fase a comunicação é temporariamente cortada e prevalecem as expressões não-verbais.
O passo sete é frente a frente, quando o casal se situa face a face, está cruzando uma importante barreira, se produzem três tipos de contactos: abraços, beijos profundos e prolongados contactos visuais. O estreito contacto corporal em posição frontal, unido aos beijos na boca produz um forte impulso sexual. Se o casal passou algum tempo falando de temas importantes é estabelecida uma comunicação muito profunda em poucas palavras. O contacto visual é prolongado e intenso. A comunicação verbal silencia-se enquanto se olham nos olhos. A partir desta fase, o casal deve ter cuidado com as expressões de afecto físico. Iniciar este passo e romper o relacionamento depois, pode deixar cicatrizes profundas, porque o laço de união, poderá já ter se formado.
O passo oito é mãos na cabeça, acariciam a cabeça do outro enquanto conversam ou se beijam. Este gesto demonstra proximidade emocional, um profundo laço de amizade, amor e carinho. Neste passo deveriam ser analisados seus planos para casar-se o mais cedo possível e sua compatibilidade como casal, se não se compatibilizam deveriam deixar de encontrarem-se.



O passo nove é mãos ao corpo, nos passos anteriores ao nove, as mãos se mantêm fora da roupa e permanecem acima da cintura. O passo nove inclui massagens nas costas e outras carícias, ou se interrompe o relacionamento neste passo, ou não haverá retorno.
Quarta e última fase se denomina uma carne, esta é a última fase antes dos actos sexuais.
Passo dez é boca ao peito, neste passo o homem descobre o peito da mulher. Este passo é uma tentativa de culminar o acto sexual.
Passo onze mãos nos órgãos genitais, este passo é a introdução para o acto sexual.
Passo doze genitais a genitais, neste passo o processo de união se completa com o acto sexual.[3]
Quando estes passos não são feitos nesta ordem, o relacionamento tem sérios riscos de terminar em divórcio. Normalmente a cada relacionamento terminado a tendência é saltar os passos e culminar o mais cedo possível no acto sexual. É mais fácil as pessoas se conhecerem a nível físico que a nível emocional.
Também é necessário levar em consideração se no relacionamento se produz o que chamamos de votos matrimoniais, ou seja, são quatro factores que devem ser produzidos no namoro. São aqueles pequenos detalhes que as pessoas não dão a importância necessária e que todos pensam que quando casar, a situação passará e o resultado é um casamento infeliz e muitas vezes o rompimento da relação. Os votos matrimoniais são constituídos por:
  • Amor
  • Respeito (honra, ajuda)
  • Protecção (cuidar)
  • Fidelidade (exclusividade, lealdade)[4]




Se o amor, o respeito ou a protecção e a fidelidade como consequência falham, estamos perante um caso de abandono por parte do cônjuge, em que é permitido biblicamente divorciar-se e voltar a casar. Trataremos este assunto mais detalhadamente em outro capítulo deste trabalho.  
Antes de casar-se é necessário conhecer a situação familiar do seu cônjuge, se ele provém de uma família grande ou pequena, se os pais estão divorciados, casados ou vivem em união de facto, se a sua família leva em consideração a Deus ou não. Estes factos têm uma grande influência em sua personalidade, temperamento, o modo como se reage as situações e circunstâncias da vida. A forma como você é tratado pelos pais, provavelmente será a forma como você tratará o seu cônjuge. Deus usa as nossas famílias, para desenvolver qualidades, que nos capacitarão para formar e gerir a nosso núcleo familiar. As moças necessitam observar como o namorado trata a sua mãe, pois um dia ele virá a tratar a moça da mesma maneira.
 As pessoas que crêem em Deus e se casam com pessoas que não crêem, pelo facto do cônjuge não ser cristão, começa a pertencer a uma denominação religiosa não, porque sentiu alguma necessidade espiritual, mas por causa do seu companheiro que crê, esta situação pode resultar em duas situações diferentes: a primeira e mais frequente, é que haja conflito no relacionamento entre o casal, na educação dos filhos, ou mesmo, o simples facto de ir à igreja. O comportamento, os gostos, as inclinações, a filosofia são diferentes. Se dentro de seis meses a um ano não se consegue ler a Bíblia com o cônjuge, o relacionamento deve ser avaliado, o período do namoro e noivado é importante para construir um casamento feliz.[5] A segunda situação é que se o cônjuge que não crê, for sincero de coração, ele respeitará o cônjuge crente em suas opiniões e maneira de proceder e poderá um dia vir a se converter.




[1] KEMP, Jaime. Antes de Dizer Sim Sim – Guia para noivos e seus conselheiros, Editora São Paulo, Brasil: Mundo Cristão, 2004, p. 79
[2] GRUNLAN, Stephen A. Marriage and the Family – A Christian Perspective, Michigan: Zondervan, 1984, p.70 (teoria retirada de REISS, Ira L. Family System in America, Holt, New York: Rinehart and Winston, 1980)
[3] VAN PELT, Nancy L. Falemos Francamente sobre a Pureza Sexual, http://dialogue.adventist.org/articles/13_2_pelt_p.htm
[4] MANUAL DE IGLESIA, Argentina: Publicado por el Secretariado de la Asociación
General de los Adventistas del Séptimo Día, 2005-2010, p. 245
[5] KEMP, Jaime. Op. Cit, p.24

Sem comentários:

Enviar um comentário