sábado, 31 de outubro de 2015

2. A Comunicação no Casal e o seu Relacionamento

A comunicação entre o casal é essencial, para que as pessoas se conheçam melhor e o relacionamento se aprofunde, chegando a um ponto que não escondem nada um do outro.
            As comunicações são muitas vezes verbal, não verbal e as vezes até através de pequenos acordos, que se tornam hábitos, devido a rotina. O casamento é um sistema de sentimentos em que o comportamento e as atitudes de cada um, tem um profundo efeito no outro. Sentimentos positivos e negativos, ambos são transmitidos de forma não-verbal e verbal.[1]
            É necessário entender o que o cônjuge quer transmitir e que a comunicação seja o mais clara possível, sem medo do que possa vir acontecer, porque o cônjuge sabe que é aceitado pelo outro cônjuge. Confiar no cônjuge e deixá-lo livre é a melhor opção em qualquer relacionamento, principalmente no casamento. A confiança no casamento se baseia em comunicação e comportamento.[2]
A comunicação dentro do casal é realizada tanto a nível consciente como inconsciente. A comunicação inconsciente é por exemplo saber quem toma banho primeiro, quem telefona e com que frequência e as vezes a linguagem não verbal também transmite informações, mas não nos apercebemos.
A comunicação consciente é realizada pela linguagem verbal e as vezes pela linguagem não verbal. A linguagem não verbal pode reforçar o que foi dito verbalmente, como também pode criar desconfiança no cônjuge, quando para conseguir alguma coisa, é feito o mesmo gesto. A relação sexual é também uma forma de linguagem não verbal em que dependendo da aproximação e dos seus vários matizes, pode transmitir, poder e quem domina, se não é permitida uma certa liberdade de quem inicia o acto sexual, deixa de ser agradável e perde toda a magia que envolve este

evento íntimo, em que se expressa o carinho e o amor de um modo especial e muito íntimo, deixando de trazer prazer e se tornando em uma luta por dominar e não deixar ser dominado. É necessário também ter cuidado com o tom de voz ao dizer certas palavras que têm significado positivo, por exemplo “querido”.
A alimentação que nos traz boas recordações da infância, das comidas preferidas e das sobremesas feitas pela mãe para a família, também pode de uma maneira verbal e não verbal, dependendo se o casal está enfrentando problemas conjugais ou não, pode transmitir domínio, perfeição e preponderância, quem cozinha pode acusar o cônjuge que faz tudo perfeito, está a horas para preparar o jantar e comer, que o outro que chega atrasado e por conseguinte está falhando.
A maneira como a pessoa se veste, pode atrair o cônjuge como pode também atrair a terceiros, existindo as duas vertentes elevando a sua auto-estima como sendo uma ameaça para o próprio relacionamento. O êxito profissional e social bem como a inteligência, seduzem e comunicam algo.
Existe também a comunicação paradóxica de duplo vínculo, que efectua quando o casal não comunica, preferindo ter um relacionamento de refúgio, encontrando comodidade e segurança e perdem os benefícios da comunicação. No início de qualquer relacionamento existe alguma intensidade na comunicação, porém se a comunicação não se aprofunda, o cônjuge não saberá a necessidade do outro, o que deixa uma situação por resolver e um conflito latente. Muchos de los problemas que hay en la pareja no surgen de lo que se ha dicho sino de lo que no se ha dicho. A la vez la magia de la comunicación en la pareja proviene de aquellas cosas, que se comunican sin necesidad de decirlas[3]

A comunicação é a chave para um casamento de êxito, ouvir o cônjuge é um factor muito importante. Para ter uma escuta activa, é necessário manter contacto visual e assumir uma postura que indique claramente que a outra pessoa tem a sua completa atenção. Existe também a escuta reflectiva que é mostrada através da empatia, ouvindo o que a pessoa diz e mostrando que a entendemos. Outra opção são as respostas abertas, que permitem desenvolver o assunto: “ A tua mãe deve ter feito alguma coisa para ter te enervado”. As respostas curtas fomentam o conflito: “ Quantas vezes eu já te disse para


você opor-se firmemente e não deixar a tua mãe interferir em nossos assuntos!” Outra alternativa é permitir que a pessoa que tem o problema o resolva sozinha, se aconselha e são mostradas as soluções, mas quem decide, qual é a melhor solução é a pessoa que tem o problema A entoação da voz também é importante[4].
O casamento não se mantém sem uma correcta comunicação, quanto mais intensa é a comunicação mais abundante em matizes é a vida do casal. Cuja profundidade não se mede pela relação sexual, embora estejamos acostumados a chamar a esta relação “íntima”. Habitualmente, a sexualidade tem lugar quando a união é ainda muito superficial ou meramente comercial. A profundidade obtém o amor e a sinceridade, que o próprio amor contém em si mesmo.
            Os padrões da comunicação são: honestidade, paciência, preocupação e disposição para comunicar. [5] Um dos principais elos de um bom talante comunicativo é a abertura até a outra pessoa. O primeiro começa quando a boa vontade, a sinceridade e os desejos de felicidade para com a outra pessoa são reais. Porque partimos do princípio que a felicidade consiste em fazer feliz a outra pessoa. Sem este passo imprescindível não se consegue uma autêntica e edificante conversação.
            O segundo elo desta corrente consiste em escolher o momento, o lugar e o modo mais adequado, para iniciar um diálogo. Se verá com bons olhos, reservar algum espaço para o convívio em comum. A distância no trato ou a frieza são inimigos acérrimos do bom diálogo. Os gestos de carinho de amor generoso têm uma sequela bastante tangível na convivência diária. A sinceridade é outro aspecto importante a ter em conta, dado que nos ajuda a evitar, qualquer obstáculo que desemboque na crueldade gratuita. A sinceridade deve fluir sem o menor esforço, como algo que brote natural desde nosso ser mas íntimo.
            O terceiro elo em nossa corrente de comunicação reside na qualidade de saber escutar e responder. Supõe um grande esforço, para nós que normalmente nos movemos em um mundo agitado, no qual, os momentos de intimidade são realmente escassos, ao longo do dia. Infere ocupar-se adequadamente dos planos e idéias do cônjuge, valorizá-los, compreendê-los e assumí-los. As respostas têm que ir

encaminhadas até a claridade, sendo isto o firme fundamento pelo qual a compreensão e a comunicação fluem de forma profunda e intensa. A serenidade tem que ser outra de nossas características, porque propicia um diálogo calmo e frutífero.[6]
            A relação conjugal para ter êxito, é necessário que as personalidades combinem e se complementem, existindo a inter-dependência, para que a inter-dependência exista existem quatro aspectos que devem ser levados em conta:
  1. Amor como sentimento, não como atracção física. A atracção física existe no início, no processo de conquista, por meio da atracção e da convivência, surge o amor como sentimento, que traz como consequência a confiança. A base de uma relação conjugal é sempre o amor como sentimento, nunca por querer algo em troca.
  2. Comunicação. Esta, é realizada ao longo do processo da relação, desde o seu início, passando pelos cinco níveis da comunicação. Quando o casal chega no último nível, pensar alto, aí se mantém, pois é impossível esconder algo do cônjuge, mesmo que a pessoa queira esconder, não consegue, porque está habituada a contar todas as coisas que lhe acontecem e tem a certeza que é aceita pelo cônjuge.
  3. Respeito. Os cônjuges devem se respeitar mutuamente, tanto à nível de bons modos, como à nível de opiniões, ideias e privacidade, se o cônjuge ama e confia, o respeito é uma consequência natural. O respeito é sinónimo de liberdade, a liberdade de um cônjuge termina, quando começa a liberdade do outro.
  4. Sonho. O sonho de construir uma vida juntos, este sonho vai se construindo de acordo que o casal avança nos níveis de comunicação, que por sua vez irá mostrar ao casal a causa da sua atracção, de estarem se apaixonando e de forma natural, irão planejar as suas vidas em comum e executá-la.[7]
Quando o relacionamento tem problemas, o primeiro aspecto a sofrer dano e a ser alterado é a comunicação, não havendo comunicação, não há pontos em comum e não se entra em acordo, que como consequência anula o amor. O amor como sentimento, é indispensável para o equilíbrio psicológico do ser humano, temos que


ser verdadeiramente amados pelo menos por uma pessoa, a falta de amor traz consigo a ênfase nos defeitos, em que se fere e se magoa o cônjuge, que por sua vez destrói o sonho de ter uma vida em comum.
      Para a comunicação ter êxito, é necessário escutar, falar suavemente, ter a certeza que entendeu bem o que foi dito pela outra pessoa, falar coisas edificantes, evitar comentários negativos ou condenatórios e admitir os erros e ter vontade para mudá-los.[8]
 No lar não pode haver desrespeito, temos que sentir-nos protegidos, o lar é o “nosso santuário”, onde anelamos estar, o melhor lugar do mundo para se estar.
Para o casal sentir-se completo e pleno, além dos itens mencionados nos apartados acima, eles têm que desenvolver a comunicação. A comunicação contém cinco níveis, segundo Jaime Kemp, em seu livro Antes de Dizer Sim – Guia para noivos e seus conselheiros.
·         Nível 0: Estão duas pessoas em um elevador e não se comunicam.
·         Nível 1: Conversa Superficial. São perguntas de ocasião, “ Está um lindo dia”, “ Bom dia”, “ você gostou do jogo?” Não há uma relação real entre as duas pessoas.
·         Nível 2: Relato dos Factos. A pessoa começa a falar da sua família por exemplo, sem dar qualquer tipo de explicação, “ o meu filho está me dando problemas”, a comunicação é um pouco superficial, mas já não se fala só de trivialidades, mas também, um pouco de pessoas achegadas a nós.
·         Nível 3: Verbalização de Ideias e Julgamentos. A pessoa começa a dizer os factos que lhe sucedem, acrescentando ideias e julgamentos dos eventos ocorridos.
·         Nível 4: Verbalização de Sentimentos e Emoções. Neste passo, já se começa a transmitir os sentimentos e emoções e a explicá-los, nesta fase a comunicação é honesta e começa a se abrir cada vez mais.
·         Nível 5: Relacionamento Transparente, o que chamamos de pensar em voz alta, o casal chega neste nível, quando eles sabem que o seu cônjuge, o aceita como ele é, não o julga por suas opiniões, ideias, raciocínios, gostos etc, porque ambos sabem que existe compreensão e respeito, se diz o que se necessita, o que se sente e o que se quer, sem medo. Neste nível, como nos níveis anteriores existe a sinceridade, que vai aumentando com o avanço dos níveis, nesta etapa o cônjuge não consegue esconder nada do outro cônjuge, porque é uma necessidade contar tudo que lhe aconteceu.[9]
A comunicação é afectada segundo a maneira de ser de cada pessoa, e do seu passado. Uma infância que prima a comunicação com os pais ou responsáveis de educação, faz a pessoa ser mais confiante na comunicação com as outras pessoas e na resolução de problemas, pois os problemas se resolvem baseados em uma comunicação bem efectuada.[10] Se um dos cônjuges tem complexo de inferioridade, terá auto-estima baixa e evitará fazer comentários ou expressar sentimentos. Gritos, violência, e silêncio, dificultam a comunicação entre o casal. O silêncio normalmente representa uma resposta negativa e por vezes que o que foi dito, não teve importância.
É necessário permitir que o cônjuge termine o que quer dizer, para que finalize o seu pensamento e a sua ideia de raciocínio, para não existir maus entendidos.




[1] SELF, Carolyn Shealy et William L. Self.  Op. Cit, p. 39
[2] Ibid, p. 42
[3] MORFA, José Díaz. Prevención de los Conflictos de la Pareja, Bilbao: Desclée de Brouwer, 2003, p.119
[4] GRUNLAN, Stephen A. Marriage and the Family – A Christian Perspective, Michigan: Zondervan, 1984, 205
[5] Ibid, p. 202
[6] PÉREZ, Rufo González. Nos Casamos en la Fe Cristiana, Salamanca: Sígueme, 2000, p. 40
[7] Segundo comunicação pessoal com pastor Antonio Martínez, sobre Relações Familiares
[8] ELDREDGE, Robert Sir. Can Divorced Christians Remarry?, Michigan: Zondervan, 2002, p. 74
[9] KEMP, Jaime. Antes de Dizer Sim – Guia para noivos e seus conselheiros, Editora São Paulo, Brasil: Mundo Cristão, 2004, p.64
[10] Ibid. p. 65

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

1.3.2 As Quatro Estações do Casamento

A relação no casamento passa por fases que Gary Chapman, denominou como sendo estações e a sua importância na formação pré-matrimonial visa preparar o casal para o percurso como casal.
As quatro estações do casamento são as quatro fases básicas que um casamento sofre, o objectivo deste apartado é mostrar como ultrapassar estas fases.
            O casamento é sinónimo de unidade e intimidade, em um casamento deve haver compromisso, unidade, intimidade, propósitos e se complementarem.
            A estação do Inverno se inicia com os problemas da vida, perda de emprego, envelhecimento, perda de familiares, de um filho, situação financeira, sexo, infidelidade, impotência. E com os problemas surgem a rigidez, a discussão que não foi resolvida, silêncio que mostram que o cônjuge o ignora.
Na estação do Inverno no casamento, a comunicação oscila entre o silêncio e as discussões. Fazem-se críticas que ferem ainda mais o relacionamento[1]
As discussões tornam o sexo um campo de batalha e a infidelidade seja o golpe final.
Existem emoções próprias como dor, raiva, frustração, solidão e sentimento de rejeição.
As atitudes são negativas: de desânimo, frustração e desesperança.
As acções são destrutivas: palavras ásperas, silêncio, violência. A relação é amarga, distante, fria, áspera, não há cumplicidade.
A estação da Primavera é feita de descobertas, momentos especiais criados pelo casal que consiste em emoções, atitudes, acções, clima do relacionamento. As emoções contêm entusiasmo, alegria, esperança, atitudes de expectativas, optimismo, gratidão, amor e confiança. O facto de procurar ajuda, comunicar-se é favorável, para o desenvolvimento desta estação. O relacionamento se torna vital, afectuoso, aberto, atencioso, novos começos, entusiasmo com a vida à dois. O casal faz planos, têm esperança para o futuro, esperam ter uma colheita de felicidade.
Na estação do Verão o casal sente que está mais unido, os mal-entendidos quase que não existem e quando existem, se solucionam rapidamente. O casal se sente profundamente comprometido e satisfeito, se sentindo seguros no amor um pelo outro. Quando o casal se encontra nesta estação sentem-se confortáveis com o relacionamento, felizes, alegres, sentem paz e se sentem satisfeitos. As atitudes são de confiança, crescimento e tranquilidade. Se comunicam de forma construtiva, aceitam as diferenças e lêem livros sobre relacionamentos, bem como frequentam seminários.
O relacionamento quando está no Verão transmite compreensão, os sonhos se realizam, os conflitos se resolvem de modo positivo.
O ambiente está tranquilo, se entende o cônjuge, aceita-se as diferenças e se aprende a resolver os conflitos.
No Verão a comunicação é mais aberta, proporcionando o encontro de soluções rápidas para os problemas.
Os seminários e livros sobre relacionamentos, dependendo do caso, podem ajudar a manter o casal unido.
O Outono é a estação em que os problemas começam a formar-se e onde há negligência por parte do casal em resolver o problema. A suposição implícita parece ser a de que o casamento se encarrega de si mesmo. Marido e esposa têm os próprios interesses e se esquecem de construir um relacionamento positivo[2]
            Os problemas que não forem resolvidos têm duas alternativas: se mantendo no Outono, ou passando para a estação de Inverno. Para passar do Outono para o Inverno é apenas necessário que um dos cônjuges o faça, para passar do Inverno para a Primavera, é necessário que os dois trabalhem juntos. O Outono é caracterizado pela desunião,



afastamento, desprendimento, têm problemas, mas não o resolvem com honestidade, estão separados emocionalmente e têm a tendência de culpar o outro cônjuge.





[1]CHAPMAN, Gary. As Quatro Estações do Casamento, São Paulo, Brasil: Editora Mundo Cristão, 2006, p. 34
[2] Ibid, p. 78

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

1.3 Palestras sobre Como Manter o Casamento

Fazer palestras sobre como manter um casamento, é útil para que as pessoas saibam como reagir perante uma situação e como entender o cônjuge.
            Muitos casais não sabem como proceder para manter os seus casamentos, para este facto, existem manuais que orientam os pastores a guiar os seus membros para uma melhor relação entre eles, que são: Prepare and Enrich – Construyendo matrimónios fuertes,[1] e Manual de Asesoramiento Premarital[2]



1.3.1 As Cinco Linguagens do Amor

        

A existência humana é mantida e nutrida por amor, o casamento é a expressão máxima da necessidade humana de amar e ser amado. Para nutrir o amor, é necessário como o carro, ter o depósito cheio, para poder viver e mover-se, quando o depósito do amor não se enche, como o tanque do carro, consome o combustível que tem, até não ter combustível e sofrer de tristeza extrema no pior dos casos.
      O verdadeiro amor é composto de cinco aspectos, que o autor do livro os chama de linguagens do amor:
  • Elogio
  • Tempo de qualidade
  • Receber presentes
  • Actos de serviço
  • Contacto físico

Os elogios são impulsionadores, se recebemos elogios, é provável que se retribua ao cônjuge de alguma forma.
O elogio tem muitas formas de ser demonstrado, pode ser demonstrado, dizendo que a pessoa está bonita, como pode ser demonstrado por palavras amáveis, que permitem construir a intimidade, por meio dos sentimentos, tentando se colocar no lugar do cônjuge, compreendendo a sua situação e o incentivando a tentar ultrapassar o problema, não é uma prova, porque a pessoa que incentiva demonstra que está do lado do cônjuge e que o ama incondicionalmente.





Por palavras de encorajamento, muitas vezes o cônjuge por uma situação ou outra, pode necessitar de encorajamento, pois de certo modo, a pessoa pensa que não consegue ultrapassar o obstáculo, embora tenha capacidade para o fazer, sendo necessário ser lembrado deste facto e que o seu cônjuge mostre as capacidades que a pessoa tem, fazendo isso, como consequência o problema diminui de tamanho.  
Por palavras de reconhecimento ou por palavras humildes, que não se centram no relacionamento padre crítico negativo-niño, ou seja, na exigência, mas no relacionamento adulto-adulto, que se baseia na troca de informação e no conhecimento das necessidades do cônjuge, expressando o seu desejo como um pedido e não como uma ordem. Ao pedir alguma coisa ao nosso cônjuge, estamos afirmando o seu valor e as suas capacidades. Se fazemos exigências, elas diminuirão o cônjuge, porque não se sentirá reconhecido. Um pedido traz como consequência uma escolha, fazer ou não fazer e então surge o amor como sentimento e a escolha é mais fácil de ser tomada. Uma outra forma de diminuir o cônjuge é chamando-lhe de filho (a) ou se tiverem filhos de papá e mamã. Os cônjuges têm que ser tratados pelo seu nome próprio ou por nomes carinhosos que o próprio casal estipula.[3]
O tempo de qualidade é um período de tempo em que as pessoas podem ter vivências em comum e se conhecerem cada vez melhor, porque é um forte comunicador emocional do amor.[4] Dando-lhe total atenção quando o cônjuge fala com a outra pessoa, sem ser dividido com a televisão ou a revista. Estar juntos significa que estão sentimentalmente conectados e a actividade escolhida pelo casal é apenas um instrumento para estar juntos, o passo seguinte é ter conversas de qualidade em que os cônjuges exercem a escuta activa, se concentrando no que estão a ouvir, porque é necessário expor-se.
A linguagem de receber presentes é uma linguagem que exige a atenção do cônjuge para a descobrir e para saber o que comprar para agradar o seu cônjuge, porque é um símbolo que o cônjuge pensou na outra pessoa, sendo um sinal que o ama. Estar presente quando o seu cônjuge precisa de si, fala mais alto que qualquer linguagem do amor[5].


A linguagem actos de servir é abrangente, mas ao mesmo tempo específica, porque existem determinados actos específicos, dependendo da pessoa, que lhe provocam a sensação de felicidade e satisfação. O cônjuge tem que ser levado em consideração.
Para a pessoa que tem a linguagem do contacto físico, ela necessita de pequenos gestos ao longo da semana para sentir-se amada, um beijo no rosto, uma carícia no cabelo, um abraço sincero sem conotações sexuais, dar a mão, e em momentos de crise, a pessoa que contém esta linguagem necessita ser abraçada.



[1] www.prepare-enrich.com
[2] TROTMAN, Jansen. Manual de Asesoramiento Premarital, Divisão Interamericana, 2006
[3] Berne, E. Análisis Transaccional en Psicoterapia. Buenos Aires: Editorial Psique, 1975
[4] CHAPMAN, Gary. Los Cinco Lenguajes del Amor, Miami: Unilit, 1992, p. 43
[5] Ibid, p. 65

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

1.2 Preparação Pré-Matrimonial

Os pastores em suas igrejas devem dar palestras aos jovens, como também tentar obter conhecimentos sobre psicologia para conseguir descobrir quais são as personalidades das pessoas, para aconselhar adequadamente e orientá-los, porque na vida conjugal é importante que as pessoas se completem e se entendam mutuamente.
As expectativas conjugais, muitas vezes não correspondem ao que as pessoas imaginam que seja o casamento, porque continuam existindo problemas, financeiros, acrescentando o detalhe que agora o casal é independente e tem que resolver os seus problemas sozinhos, existem os sogros, os filhos para educar e para as pessoas que acreditam em Deus, duas vidas espirituais para cuidar. O facto de ambos acreditarem em Deus e terem uma vida religiosa activa, não os livra de terem problemas, é necessário compreender as diferenças, os valores do cônjuge, os pontos fortes e pontos fracos. Algumas vezes, mesmo sendo um casal cristão, o casamento é baseado na atracção física, o que mais tarde originará frustração e desânimo, que será a fonte de irritações e discussões.[1]
Para ter um casamento de êxito, temos que ser atraídos pela outra pessoa, pelos motivos correctos. As pessoas que nos atraem têm valores semelhantes e nos provê apoio emocional.
A teoria de Ira Reiss segundo consta no livro de Stephen Grunlan, Marriage and the Family – A Christian Perspective, consiste em quatro processos que estão relacionados entre si: bom relacionamento, auto-revelação, dependência mútua, intimidade e necessidade de ser preenchido pelo cônjuge. O relacionamento por amor, é um processo cíclico, que se desenvolve e se aprofunda.
·         Bom Relacionamento: Quando seleccionamos uma pessoa com o intuito de fazermos dela nosso cônjuge, começam a analisar se têm interesses em comum, se sentem-se na presença da outra pessoa, se são capazes de partilhar e de comunicarem facilmente.
·         Auto-Revelação: A auto-revelação surge, a medida que o casal se sente cada vez mais confortável na presença do cônjuge e a comunicação entre o casal, passa de temas superficiais para temas pessoais. Cada pessoa vai revelando a sua história passada e o sentimento de proximidade se desenvolve, isso só ocorre quando há verdadeiro amor.
·         Dependência Mútua: Existindo o verdadeiro amor e uma auto-revelação adequada, surge a mútua dependência, que biblicamente é referido como submissão mútua. O casal se conhecendo muito bem, inicia um processo de desejo mútuo, se divertem juntos, desenvolvem um estilo de vida que envolve a outra pessoa, têm um desejo de estar com a pessoa continuamente, não por medo nem por desconfiança, porque em um relacionamento amoroso a confiança e o amor devem ser inseparáveis e a dependência mútua começa a formar-se e o vínculo amoroso também.


·         Intimidade e Necessidade de Preenchimento: Nesta fase se concentra as mais profundas necessidades do ser humano: aceitação, confiança, apoio e amor. Estes factores são a causa da união ou separação do casal. [2]
Existe uma diferença entre paixão e o amor verdadeiro. A paixão nasce a primeira vista e conquistará tudo. Demanda atenção exclusiva e devoção ocasionando ciúmes. A paixão é caracterizada pela exploração e gratificação directa da necessidade. A paixão é construída baseada na atracção física e gratificação sexual, normalmente o sexo domina o relacionamento. A paixão é estática e egocêntrica, a mudança ocorrida no companheiro tem como objectivo de satisfazer suas próprias necessidades e desejos. A paixão é romantizada, o casal não enfrenta a realidade ou é assustado por ela. A paixão é irresponsável e falha ao considerar as consequências futuras da acção presente.
O amor verdadeiro se encontra em um relacionamento que se desenvolve e se aprofunda, baseado em experiências partilhadas. O verdadeiro amor é construído tendo como alicerces a auto-aceitação, e é partilhado altruisticamente com os outros, porque está baseado na confiança. O verdadeiro amor inclui satisfação sexual, mas não exclui a partilha de outros aspectos da vida. O verdadeiro amor é crescente e se desenvolve, o amor expande o crescimento e a criatividade da pessoa que ama. O verdadeiro amor aumenta a realidade e torna os cônjuges, mais completos e pessoas equilibradas e adequadas uma à outra. O amor verdadeiro é responsável e aceita de maneira feliz as consequências do envolvimento mútuo.
Através do namoro buscamos a relativa segurança e comodidade do lar paterno, iniciando um novo processo, a construção do nosso próprio lar. Desconhecemos como será o percurso. A construção do lar, é composta por nossas decisões, nossa liberdade, e nosso empenho que dispomos para a sua constituição e manutenção. Esta determinação conta com nossa valia pessoal, coragem, diálogo e ânimo com a que dispomos para construir um lar.




            A preparação pré-matrimonial é importante para que os cônjuges possam conhecer-se melhor e terem a certeza que querem dar este importante passo nas suas vidas com determinada pessoa.
            Para iniciar uma relação amorosa estável, é necessário percorrer um processo composto por quatro fases, que na sua totalidade encerram 12 passos sobre a sexualidade correcta para que o casal possa conhecer-se em valores, objectivos e crenças.
            Na primeira fase não existe contacto físico.
O primeiro passo é composto por um olhar de descoberta, em que se analisa a estatura, aspecto, cor, idade e a personalidade. A avaliação do primeiro olhar, determina se a relação continua ou não.
O segundo passo acontece quando os olhares de ambos se encontram, ocorre uma aceleração do coração acompanhado de um rubor que impede o impulso de falar e reagir e sucede o desvio do olhar.
O terceiro passo se inicia quando começa a conversação, começam a conhecer-  -se, perguntando nome, o lugar onde vivem, a que se dedicam, como está o tempo, essa análise permite avançar em sua observação da pessoa a quem pretendem conquistar, se continuam convivendo, podem se conhecerem através das suas opiniões, passatempos, ideias, gostos, esperanças e sonhos para o futuro. Segundo Nancy L. Van Pelt, uma reconhecida sexóloga, escreveu um artigo intitulado Falemos Francamente da Pureza Sexual, ele comenta que é necessário haver mil horas de conversação entre o casal, tanto pessoalmente como por telefone, deste modo, cada pessoa conhecerá o seu companheiro de uma outra maneira e se conseguirem fazerem-  -se vulnerável ao companheiro, a relação conjugal se desenvolverá com êxito.
A segunda fase é composta pelos primeiros contactos físicos.
O quarto passo inicia-se pegando a mão da pessoa para ajudá-la a passar um obstáculo, iniciam-se as gentilezas nas situações corriqueiras da vida, se a jovem aceita esses gestos, é sinal que a relação tem permissão para avançar. Embora os passos anteriores continuam sucedendo.





O quinto passo é passar o braço sobre os ombros, suscitando uma revigoração da emoção de conquista, porque os corpos se tocam pela primeira vez. Aos passos anteriores se une o contacto corporal.
O sexto passo consiste em passar o braço pela cintura. Este gesto recupera a excitação da conquista e o casal, começa a abraçar-se pela cintura, este gesto mostra que o casal está evoluindo no processo de conquista, expressando um maior grau de posse sobre o corpo do companheiro. Neste passo, o nível de comunicação se aprofundam, se fazem grandes confidências, são discutidos e se avaliam os temas da vida, são partilhados os segredos pessoais, o casal começa a se conhecer mutuamente a um nível pessoal bastante profundo. Os objectivos, valores e crenças são analisados neste momento. É nesta fase que se determina se o relacionamento continua ou não, pois se tomam grandes decisões e se consegue ver a compatibilidade do casal.
A terceira fase envolve o contacto íntimo em que não há contacto sexual directo, mas o facto de se olharem frente a frente denota o fim de uma fase e o início de outra. Passar ao acto sexual nesta fase é estragar a formação de uma união saudável, que destrói o casamento mais tarde. Nesta fase a comunicação é temporariamente cortada e prevalecem as expressões não-verbais.
O passo sete é frente a frente, quando o casal se situa face a face, está cruzando uma importante barreira, se produzem três tipos de contactos: abraços, beijos profundos e prolongados contactos visuais. O estreito contacto corporal em posição frontal, unido aos beijos na boca produz um forte impulso sexual. Se o casal passou algum tempo falando de temas importantes é estabelecida uma comunicação muito profunda em poucas palavras. O contacto visual é prolongado e intenso. A comunicação verbal silencia-se enquanto se olham nos olhos. A partir desta fase, o casal deve ter cuidado com as expressões de afecto físico. Iniciar este passo e romper o relacionamento depois, pode deixar cicatrizes profundas, porque o laço de união, poderá já ter se formado.
O passo oito é mãos na cabeça, acariciam a cabeça do outro enquanto conversam ou se beijam. Este gesto demonstra proximidade emocional, um profundo laço de amizade, amor e carinho. Neste passo deveriam ser analisados seus planos para casar-se o mais cedo possível e sua compatibilidade como casal, se não se compatibilizam deveriam deixar de encontrarem-se.



O passo nove é mãos ao corpo, nos passos anteriores ao nove, as mãos se mantêm fora da roupa e permanecem acima da cintura. O passo nove inclui massagens nas costas e outras carícias, ou se interrompe o relacionamento neste passo, ou não haverá retorno.
Quarta e última fase se denomina uma carne, esta é a última fase antes dos actos sexuais.
Passo dez é boca ao peito, neste passo o homem descobre o peito da mulher. Este passo é uma tentativa de culminar o acto sexual.
Passo onze mãos nos órgãos genitais, este passo é a introdução para o acto sexual.
Passo doze genitais a genitais, neste passo o processo de união se completa com o acto sexual.[3]
Quando estes passos não são feitos nesta ordem, o relacionamento tem sérios riscos de terminar em divórcio. Normalmente a cada relacionamento terminado a tendência é saltar os passos e culminar o mais cedo possível no acto sexual. É mais fácil as pessoas se conhecerem a nível físico que a nível emocional.
Também é necessário levar em consideração se no relacionamento se produz o que chamamos de votos matrimoniais, ou seja, são quatro factores que devem ser produzidos no namoro. São aqueles pequenos detalhes que as pessoas não dão a importância necessária e que todos pensam que quando casar, a situação passará e o resultado é um casamento infeliz e muitas vezes o rompimento da relação. Os votos matrimoniais são constituídos por:
  • Amor
  • Respeito (honra, ajuda)
  • Protecção (cuidar)
  • Fidelidade (exclusividade, lealdade)[4]




Se o amor, o respeito ou a protecção e a fidelidade como consequência falham, estamos perante um caso de abandono por parte do cônjuge, em que é permitido biblicamente divorciar-se e voltar a casar. Trataremos este assunto mais detalhadamente em outro capítulo deste trabalho.  
Antes de casar-se é necessário conhecer a situação familiar do seu cônjuge, se ele provém de uma família grande ou pequena, se os pais estão divorciados, casados ou vivem em união de facto, se a sua família leva em consideração a Deus ou não. Estes factos têm uma grande influência em sua personalidade, temperamento, o modo como se reage as situações e circunstâncias da vida. A forma como você é tratado pelos pais, provavelmente será a forma como você tratará o seu cônjuge. Deus usa as nossas famílias, para desenvolver qualidades, que nos capacitarão para formar e gerir a nosso núcleo familiar. As moças necessitam observar como o namorado trata a sua mãe, pois um dia ele virá a tratar a moça da mesma maneira.
 As pessoas que crêem em Deus e se casam com pessoas que não crêem, pelo facto do cônjuge não ser cristão, começa a pertencer a uma denominação religiosa não, porque sentiu alguma necessidade espiritual, mas por causa do seu companheiro que crê, esta situação pode resultar em duas situações diferentes: a primeira e mais frequente, é que haja conflito no relacionamento entre o casal, na educação dos filhos, ou mesmo, o simples facto de ir à igreja. O comportamento, os gostos, as inclinações, a filosofia são diferentes. Se dentro de seis meses a um ano não se consegue ler a Bíblia com o cônjuge, o relacionamento deve ser avaliado, o período do namoro e noivado é importante para construir um casamento feliz.[5] A segunda situação é que se o cônjuge que não crê, for sincero de coração, ele respeitará o cônjuge crente em suas opiniões e maneira de proceder e poderá um dia vir a se converter.




[1] KEMP, Jaime. Antes de Dizer Sim Sim – Guia para noivos e seus conselheiros, Editora São Paulo, Brasil: Mundo Cristão, 2004, p. 79
[2] GRUNLAN, Stephen A. Marriage and the Family – A Christian Perspective, Michigan: Zondervan, 1984, p.70 (teoria retirada de REISS, Ira L. Family System in America, Holt, New York: Rinehart and Winston, 1980)
[3] VAN PELT, Nancy L. Falemos Francamente sobre a Pureza Sexual, http://dialogue.adventist.org/articles/13_2_pelt_p.htm
[4] MANUAL DE IGLESIA, Argentina: Publicado por el Secretariado de la Asociación
General de los Adventistas del Séptimo Día, 2005-2010, p. 245
[5] KEMP, Jaime. Op. Cit, p.24

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Parte I - Necessidade de Entendimento no Casal

1.1 Educação para o Amor e a Convivência

            A falta de interesse das pessoas em se informar convenientemente, e do hábito de não haver um reforço na parte psicológica da criança ou do adolescente sobre o desenvolvimento de cada indivíduo, bem como educação pré-matrimonial, influenciarão na vida adulta da pessoa, pois para muitos faz parte do ciclo da vida e chegando o momento, as pessoas saberão o que fazer, então não dão muita ênfase neste aspecto.
            O amor humano é o fundamento principal para construir um casamento. Sem este factor, não se produz uma convivência adequada.
            Cada casal necessita saber quais são as forças da relação, seus riscos, seus pontos frágeis, os tratamentos adequados e inclusive, admitir que o relacionamento terminou.
A educação de uma pessoa para conviver futuramente como casal, começa cedo. Se inicia com a educação recebida pelos pais, cada valor ensinado e apreendido pela criança a faz amadurecer, e quando a pessoa vai ao longo da vida amadurecendo psicologicamente, os valores espirituais que a pessoa possa ter, são confirmados e melhor sedimentados. A disciplina é dada com sabedoria, amor e compreensão. A beleza do cônjuge reside nas suas qualidades e na sua estrutura psicológica-emocional, não no aspecto físico.
            Um lar bem sedimentado inicia a sua formação com duas pessoas que se amem verdadeiramente, em que a bondade, a amabilidade, a compreensão, simpatia, ternura e o amor são recíprocos,[1] desta forma, se cria uma convivência saudável e uma atmosfera que reflecte o ideal de Deus para a família.
            O relacionamento conjugal para ser bem sucedido, é aconselhável que seja sincero e transparente, em opiniões e ideais, os gestos de cortesia e conquista que existem no namoro devem ser mantidos. É através do amor mútuo que se consegue o descanso que os problemas da vida trazem.

“Deveria haver menos ostentação e influência de urbanidade mundana entre os membros da família, e muito mais amor, ternura, alegria e cortesia cristã. Muitos necessitam aprender a fazer do lar um lugar atractivo e prazenteiro. Os corações agradecidos e os olhares bondosos são de mais valor que as riquezas e o luxo, e o contentar-se com coisas simples fará feliz o lar se nele existe amor.”[2]

“Dios nos prueba por los sucesos comunes de la vida. Son las cosas pequeñas las que revelan lo más recóndito del corazón. Son las pequeñas atenciones, los numerosos incidentes cotidianos y las sencillas cortesías, las que constituyen la suma de la felicidad en la vida; y el descuido manifestado al no pronunciar palabras bondadosas, afectuosas y alentadoras ni poner en práctica las pequeñas cortesías, es lo que contribuye a formar la suma de la miseria de la vida.”[3]


            A submissão mútua também contribui para que haja uma unidade perfeita entre o casal, em que o marido proporciona à esposa a segurança que ela necessita em todos os aspectos da vida como também psicológico, ambos confiam plenamente um no outro e como consequência, a esposa o respeita e o ama profundamente, sentimento que brota naturalmente, porque recebe este amor do marido, os cônjuges, se respeitam mutuamente em palavras, em actos e cada cônjuge tem o seu espaço para poder viver e agir dentro do relacionamento, conforme está retratado em Efésios 5,22-25. Ambos se complementam mutuamente em personalidade, porque sabem que quando um já não tem forças para continuar, o outro o sustém e o anima a seguir, ajudando deste modo a ultrapassar a situação. Significa também que ambos conversam sobre as decisões a tomar e chegam a um acordo mutuamente, porque existe confiança incondicional um no outro e também existe o apego seguro, que se transmite através do cuidado, da ternura e de um aumento da auto-estima.
            A mulher tenta ocupar um lugar que não é o seu, este facto faz com que muitas vezes ela não cumpra o plano de Deus para sua vida. Ela tem que estar preparada para a vida, porém tem que ser submissa a seu marido, amando-o profundamente. O marido deve amar a esposa, pois Cristo ama o ser humano e tenta restaurar-lhe.
            A pessoa quando quer casar, tem que levar em consideração a maneira de ser do cônjuge escolhido e se esta maneira de ser, preenche as suas necessidades. Muitas vezes o casamento não encontra a sua máxima expressão na família, porque as pessoas envolvidas não souberam ver pequenos detalhes essenciais para um relacionamento feliz. Se um dos cônjuges somente pensa em si mesmo e em seus caprichos, acusa constantemente o seu companheiro, é exigente e atribui a seu cônjuge motivos e sentimentos derivados do seu temperamento forte, de certo modo, pouco a pouco está destruindo o seu casamento. Os cônjuges devem enobrecer o carácter um do outro através do amor, se ajudando mutuamente a ultrapassar os problemas e cultivando o amor e a confiança.[4]
            A comunicação conjugal é essencial para a construção de um amor firme e seguro. Todo o processo de namoro requer a necessidade de conhecer-se integramente. Abrangendo o passado, presente e futuro, em especial o futuro. O diálogo sempre deve ser fruto do amor e da liberdade, são premissas necessárias para que a relação funcione correctamente. A profundidade do amor e a correspondência amorosa por si mesmas irão marcando o diálogo e a entrega.
O casamento é uma instituição na qual o casal decidiu entrar livremente. O fundamental é, sem dúvida, a intimidade e o compartilhar a vida. Desde aqui surgirá a cooperação económica, a educação dos filhos e a reprodução.
            A íntima comunidade de vida e amor se estabelece sobre o consentimento pessoal dos cônjuges. O amor é a peça chave para que o casamento funcione, e tenha raízes estáveis, convertendo-se em uma fonte de alegria e paz permanente.
            Em um lar deve haver amor verdadeiro em que todos os seus integrantes se sintam bem, e estejam em harmonia uns com os outros, este amor é demonstrado em actos e palavras. O amor verdadeiro e sincero cria uma atmosfera de encanto em que a família vive feliz e as tarefas desempenhadas pela esposa não lhe parecem um fardo, sendo submissa ao marido, porém não se sente escravizada, mas sim sua companheira, ela tem um espírito alegre e se regozija no Senhor. No lar deve criar-se uma atmosfera em que se pode respirar e sem o qual não se pode viver.[5] O casal não deve exercitar em excesso os aspectos negativos da natureza humana. Uma vida espiritual activa, também ajuda a que o casal se mantenha unido no Senhor. É preciso haver compreensão e tolerância, respeitando ou partilhando as crenças religiosas.
            Muitas vezes o casal discute muito, e não têm unidade conjugal, porque não são mansos nem humildes e não reflectem a Cristo em suas vidas. A bondade e o amor devem ser uma influência constante no lar. O casal tem sempre que pensar em não ferir um ao outro. O marido deve fortalecer a sua esposa, animá-la e ter cuidado com os seus sentimentos, pronunciando palavras bondosas e amáveis.
As responsabilidades têm que ser divididas entre os cônjuges, para que ambos possam usufruir da vida familiar e da responsabilidade de educar e orientar os filhos.
O marido deve manter o seu aspecto calmo, quando chega em casa depois de um dia de trabalho, a família necessita da sua atenção e paciência, tanto quanto as pessoas com quem contacta durante o dia.
O núcleo familiar, é o ecossistema do ser humano, que ele necessita para desenvolver-se, crescer, renovar-se e restaurar-se. Os homens buscam aprovação dos outros e de suas esposas, quando não as têm, não se sentem amados, respeitados e sentem que não obtiveram êxito. As esposas por sua vez, buscam relacionamentos próximos e íntimos com seus maridos, quando não conseguem alcançar este tipo de relacionamento, não sentem amor, afeição e segurança.[6]
Cada cônjuge necessita ter auto-estima, a auto-estima surge quando conhecemos a nós mesmos, conhecendo as nossas necessidades, saberemos o que nos falta e se conseguirmos comunicá-la, será melhor para ambos e consequentemente para a família[7].
A vida em casal está sempre em mudança para ambos, para nutrir o relacionamento é necessário conhecer-se. [8]Ser aberto e honesto contigo mesmo, não é emocionalmente suficiente neste tipo de crescimento. Tentando preencher a ti mesmo agora, só terás complicações no futuro” [9]
O amor se torna verdadeiro quando a felicidade do cônjuge se torna mais importante que a nossa própria felicidade.
Muitos casais, depois que se casam, continuam com o mesmo nível de comunicação que tinham antes, este facto prejudica o casamento. Cada cônjuge necessita estar bem consigo mesmo e sentir-se confortável dentro da relação. [10]
A mulher pensa em pessoas e sentimentos, age e se comunica com este objectivo e necessita escutar certas coisas, mesmo que ela já o saiba. O homem pensa em teorias e ideias abstractas, não necessita de escutar tanto como a mulher, ele demonstra a sua afeição fazendo alguma coisa que a esposa queira, com um ruído específico, um carinho ou apenas com um olhar.[11]
A intimidade em um casal traz bem-estar, satisfação mútua, alegria, serenidade, paz,[12] são os frutos de um relacionamento bem estruturado, baseado na resposta profunda das necessidades do cônjuge. Quando a intimidade humana à nível de casal está bem desenvolvida, automaticamente nasce no casal uma espiritualidade saudável. Na intimidade do casal e da família, também é necessário que haja conversa, quando as pessoas estejam receptivas para isso, escutando o que a pessoa tem a dizer, tentando encontrar a melhor solução para o seu problema, o toque, o abraço são elementos fundamentais para o desenvolvimento e bem-estar dos membros da família.[13] Saber viver como casal é importante, passando tempo com o cônjuge e se necessário for, mudando certos hábitos.
O papel da esposa e do marido, vão mudando conforme as circunstâncias da vida e os anos de casamento.
A família cria um espaço de convivência, em que cada pessoa exerce a sua função, segundo o projecto de vida escolhido. O vínculo que une o casal, biblicamente se denomina aliança, esta aliança é o resultado do projecto escolhido pelo casal e o compromisso de realizar cujo projecto juntos. O tempo determinado para a realização do projecto seria enquanto o casal viva, porém é o casal que determinará a duração do compromisso e da realização ou não do projecto que fizeram.






[1] WHITE, Ellen. Hogar Cristiano, Biblioteca  Cristiana Adventista 2011, p. 90
[2] Ibid. p. 93
[3] WHITE, Ellen. Joyas de los Testimonios, tomo 1, Biblioteca Cristiana Adventista, p. 206
[4] WHITE, Ellen. Op. Cit, p. 91
[5] GONZALEZ NUÑEZ, Ángel. La Pareja Humana en la Biblia, Madrid: San Pablo, 1994, p. 51
[6] ELDREDGE, Robert Sir. Can Divorced Christians Remarry?, Michigan: Zondervan, 2002, p. 80
[7] SELF, Carolyn Shealy et, William L. Self. Survival Kit for Marriage, Nampa, Estados Unidos: Pacific Press, 1998, p. 14
[8] Ibid, p. 17
[9] Ibid, p. 15
[10] Ibid, p. 18
[11] Ibid, p. 19
[12] Ibid, p. 59
[13] Ibid, p. 73