domingo, 17 de julho de 2011

Messianismo no Livro de Levíticos

Este livro se chama Levíticos, porque trata principalmente dos deveres e direitos dos pertencentes à tribo de Levi. Como o resto dos livros do Pentateuco, na Bíblia hebraica os nomes dos livros são denominados pelas primeiras palavras do texto masorético, e trata sobretudo do ritual do culto divino no santuário.
A idéia central deste livro é a santidade de Deus, o que exige um estado ritual e moral de santidade por parte de seus ministros. Podemos distinguir las seguintes secções:
a)      leis sobre os sacrifícios (1-7).
b)      Consagração dos sacerdotes (8-10).
c)      Leis sobre as purificações rituais (11-16)
d)     Leis de santidade (17-26)
e)      Votos e dízimos (27)
O livro está composto de textos quase exclusivamente legislativos Todas estas secções são dirigidas pela idéia da santidade de Yahweh que deve comunicar-se de algum modo ao povo de Israel, particularmente a seus sacerdotes.
A crítica textual nega toda a origem mosaica a esta legislação levítica, e a pressupõe como obra sacerdotal, influenciada pela personalidade de Ezequiel nos tempos babilónicos, argumentos estes que eram falsos. Levíticos aparece como o livro religioso do Templo, simultaneamente ritual e manual de piedade, guia dos fiéis e dos sacerdotes em suas relações com a Divindade, mas a tradição judaica sempre atribuiu a autoria para Moisés.
Toda a legislação levítica tem por base a concepção da santidade de Yahweh que exige santificação àqueles que a Ele se aproximam e no povo israelita em geral. Como colectividade estavam consagrados a Yahweh pois Israel é seu primogénito, e seu reino sacerdotal. E dentro da comunidade israelita, os que pertenciam à classe sacerdotal estão particularmente obrigados a viver em una atmosfera de santidade ritual e moral.
Vemos que a legislação levita esta imbuída de um grande sentido religioso e ético da vida de quem não se desfaz da tradição profética, do conjunto destas considerações sobre a santidade e os sacrifícios levíticos, se desprende o valor religioso do terceiro livro do Pentateuco, muito frequentemente desapreciado pela crítica moderna. Suas instituições e suas prescrições não são simplesmente a expressão de um cerimonialismo e de um formalismo estritos, não ignoram as exigências de uma consciência religiosa por esta razão o mesmo que as grandes exortações do Deuteronómio ou dos oráculos dos profetas, terão elas sua parte na formação da consciência do povo judeu e na protecção da sua vida religiosa, muito em particular da sua fé monoteísta da que constituem de alguma maneira a protecção exterior contra as influências pagãs. Se este papel da legislação levítica tem sido sobretodo, decisiva nos tempos que siguiram ao desterro, não foi menos real nos tempos que precederam a história judaica a Lei chegou a ser uma carga muito pesada, devido a causuística farisaica que lhe sobrecarregou com todos os acrescentos da sua exégeses oral e lhe fez desviar de seu verdadeiro sentido. Este papel, no entanto, não podia ser transitório. Paulo o caracterizou bem quando dizia aos gálatas: “A lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo”[1]. Isso sucedeu por disciplina severa que impôs ao povo judeu com miras a conservar a Lei, à fé no verdadeiro Deus e pela absoluta submissão à vontade divina que reclamava.




ALMEIDA, João Ferreira de, Bíblia Sagrada, Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil, São Paulo, 1995,
 Gálatas 3:24