O Antigo Testamento foi a Bíblia da igreja primitiva. Entre os cristãos
que falavam Grego, a Bíblia deles é a Septuaginta. Ainda depois dos seguidores
se separarem do judaísmo, usaram os escritos do Antigo Testamento como
possuindo autoridade.
“Não
cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim abrogar, mas cumprir.
Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou
um til se omitirá da lei, sem que tudo seja cumprido”[1]
Jesus
considerou sua vida e missão como um cumprimento das promessas e profecias
contidas no Antigo Testamento. As epístolas mostram que os primeiros cristãos
aceitavam o Antigo Testamento como Palavra inspirada de Deus e cheia de
autoridade.
“Todos
os dias estava convosco ensinando no templo e não me prendestes, mas isto é
para que as Escrituras se cumpram.”[2]
Dentro
de Israel, um factor preponderante para confirmar tudo que os apóstolos diziam,
era mencionar as palavras ditas por Jesus, mesmo entre os gentios algumas vezes
eram mencionadas as palavras de Jesus, mas nem sempre eram bem aceitas as
palavras de Jesus, devido a não estarem familiarizados com a cultura judia, as
palavras de Jesus, não tinham o mesmo impacto, que tinham em Israel. A necessidade de
escrever os Evangelhos surgiu com a expansão do Evangelho entre os gentios,
para que a mensagem e os feitos de Jesus, não fossem esquecidos e pudessem
entender melhor a cultura judia.
Se
desconhece a data exacta que os Evangelhos foram escritos, pensa-se que foram
escritos antes da década de 60 do século I dC. No início do século II reuniram
os quatro Evangelhos e os publicaram juntos.
Taciano
tinha como propósito criar um só evangelho com as partes mais importantes de
cada livro.
Clemente
certa vez comunicou que Paulo era uma pessoa inspirada pelo Espírito Santo,
esta referência deuterocanónica indica que a epístola de I Coríntios era
conhecida não só em Corinto, mas em Roma também. As cartas de Paulo também
foram traduzidas ao latim.
Em meados do século II existiam duas
grandes colecções de documentos cristãos os Evangelhos e as Cartas de Paulo.
Quando os quatro Evangelhos se converteram em uma única unidade, separaram-se o
livro de Actos dos Apóstolos do livro de Lucas, porém continuaram compartindo a
mesma autoridade. Ambos os livros constituem o núcleo do Novo Testamento.
As
cartas de Paulo serviram de exemplo literário para a criação das outras sete
epístolas: Tiago, I Pedro, II Pedro, I João, II João, III João e Judas. Estas
epístolas foram gradualmente sendo adicionadas ao cânon. O livro de Apocalipse
criou a sua própria categoria, pois o escritor era consciente de ser um profeta
e que suas mensagens eram um produto da revelação divina, apesar de ter em seu
interior cartas às sete igrejas da Ásia Menor. Por ser uma revelação divina
devia ler-se em público na igreja, apesar disso não foi aceitado como livro
canónico, somente alguns anos mais tarde. Com o aparecimento de Marção e
outros, o processo de canonização foi rapidamente estabelecido, devido as
alterações que tentavam adicionar no cânon, porque rejeitavam o Antigo
Testamento. Marção criou o seu próprio cânon constituído por Lucas e dez
epístolas de Paulo, excluindo as epístolas pastorais e Actos dos Apóstolos e
adicionou o Tratado Antithesis, porém
logo o destruiu.
O
cânon neotestamentário está relacionado com polémicas antiheréticas. Montano
pretendia introduzir seus próprios livros e suas próprias revelações. Os
problemas que determinaram a constituição do cânon são muito diferentes aos que
interviram no processo da formação da Bíblia hebraica. O cristianismo teve de
estabelecer um cânon pelo simples facto de que outros livros pretendiam tomar o
lugar dos Evangelhos. A canonização da Torá na época de Esdras não esteve
motivada por nenhuma destas razões. O cristianismo por estar em contacto com o
helenismo sofreu influência de outras teorias. O estudo do rolo do Templo e de
outros escritos achados em Qúmram supõe, no entanto, a possibilidade da
existência de Tôrôt alternativas ou
complementarias, as rivalidades entre a ortodoxia e a heterodoxia encontraram
pleno desenvolvimento e harmonia no cristianismo. No judaísmo existiam também
muitas “heresias”, então os rabinos resolveram estabelecer um cânon definitivo
para não correrem o risco de sofrerem alterações nas suas doutrinas
A igreja cristã primitiva estava completamente convencida de que o Antigo
Testamento pertencia às Escrituras cristãs, que havia quatro evangelhos e não
somente um, que existiam treze epístolas de Paulo e não dez e que se deviam
incluir as outras epístolas.
A lista mais antiga que chegou até
os nossos dias dos livros do Novo Testamento aceitados pela igreja primitiva
está contida no Fragmento Muratoriano, um extracto mutilado de um cânon romano
(c 180). Não só apresenta uma lista
de livros, mas também contém afirmações com respeito a autoria, os
destinatários, a ocasião e os propósitos de cada um.
Hoje existem importantes códices de
papiros que datam do século III, que contêm grandes porções do Novo Testamento:
P45, que data da primeira
metade do séc III, existem trinta folhas de duzentos e vinte originais dos
quatro Evangelhos e Actos dos Apóstolos. O P46 tem oitenta e quatro folhas de um original de cento
e quatro folhas de dez epístolas de Paulo (incluindo Hebreus). P47 com dez folhas do
Apocalipse. Um códice de papiro P66
de João, P72 de I Pedro,
II Pedro e Judas, P 75 com
trechos pertencentes ao livro de Lucas e João.[3]
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