Em Mateus 19 vemos o diálogo entre Jesus e os
fariseus. Em que os fariseus perguntavam para Jesus se era permitido repudiar a
esposa, os fariseus queriam saber a opinião de Jesus, a que corrente de
pensamento shamaíta ou hileíta Jesus escolheria, este por sua vez, se remete a
criação do Homem em Géneses 1,27 e Géneses 2,24 em que estabelece o princípio
do casamento.
Jesus começa por
dizer que Moisés não ordenou mas consentiu esta circunstância para evitar o
pior, o abuso e a falta de protecção que se exercia sobre as mulheres. Segundo
M.L. Lagrange19, Moisés não prescreveu a repudiação mas regularizou
a sua legislação, incluindo a permissão da repudiação, face a um povo que tinha
deixado para trás a vontade de deus sobre o casamento. Jesus disse-lhes
claramente que Moisés viu-se obrigado de legislar sobre o assunto da repudiação
por causa da dureza dos seus corações (sklerocardía).
Este termo só aparece três vezes no Novo Testamento (Mateus 19.8; Marcos 10.15;
16.14) mas encontramos muitas vezes na LXX com um significado muito forte. A
dureza do coração está relacionada com a ruptura da aliança e segundo Gnilka20
“isso indica o coração humano insensíveis para as diferentes
instruções,
consequência da desobediência contínua” (cf. Deuteronómio 10.16; Jr 4.4; Siracidas
16.10). é a razão para a qual Moisés consentiu em permitir esta prática21.
Jesus, porém, não quer revogar uma
norma. Ele reconhece-a mas com a sua autoridade (exousía) ele expõe o seu desejo de excedê-la ao invocar a intenção
original do plano de Deus.[1]
Nos tempos de Jesus havia duas fases
dentro do casamento: quando as pessoas se casam pelo civil e estão
comprometidas, era aceitado o divórcio, porém quando havia a cerimónia
religiosa para eles não havia mais dissolvição. Este foi o caso bíblico de José
e Maria[2] O
problema deles é depois da cerimónia religiosa se acontece alguma coisa, se a
pessoa pode divorciar-se. Não era intenção de Deus que as pessoas se
divorciassem, mas Jesus diz que sim, “por causa da dureza dos vossos corações”,
devido ao pecado foi deteriorado o
estilo de educação das pessoas e as suas personalidades, o que ocasiona
problemas dentro do lar, que a melhor opção é divorciar-se, é melhor o divórcio
que o sofrimento dentro do lar.
Existe uma diferença entre casamento e
compromisso dentro do mesmo. O casamento é a instituição sob a qual vivem duas
pessoas que têm um compromisso. O compromisso, é a relação que existe entre as
duas pessoas. O divórcio foi permitido, porque o compromisso dentro do casal
foi quebrado por diversas razões, votos matrimoniais ou adultério que originam
o divórcio, desfazendo a instituição do casamento.
Praticamente
todos os eruditos modernos têm a mesma opinião segundo o qual os incisos de
Mateus, 5,32 e 19,9 são autênticos no sentido de escritos pelo mesmo
evangelista, porém não pertencem a frase original de Jesus, foram incorporados,
em resposta a algum importante problema existente entre os destinatários, de seu
evangelho. Se os apartes pertencessem as palavras originais, então surpreendentemente
tanto Marcos como Lucas reproduzem o que Jesus disse não integralmente, mas somente
algumas partes.[3]
O
problema reside em uma preposição gramatical com a que se abre cada um de ambos
os versículos, e sobre o vocábulo porneia
existente em cada um deles. Jesus reconhece que ambos têm que ser fiéis, porque
a sociedade do Novo Testamento, aceitava a poligamia, em que o homem na parte
referente a fidelidade sexual, não fazia
votos de ser de uma só mulher, porém a mulher sim,
tinha que ser de um só marido. O adultério para o homem nesta altura era
considerado pecaminoso, mas não era um motivo para divorciar-se, porque segundo
o que eles acreditavam não quebrou nenhum voto matrimonial. Para eles era
considerado parte da vida normal, ter relações extra-conjugais[4], para
eles o voto matrimonial era considerado como sendo comida, roupa e amor, embora
algumas correntes judaicas aceitavam como sendo quebra do voto matrimonial, a
falta de respeito e o modo como se comunicavam um com o outro.[5]
Durante
séculos o trabalho exegético assumia ao termo porneia o significado de adultério, cometido pela mulher, apoiando
assim o repúdio por parte do marido. A exégesis se concentrou sobre a
preposição no início, de tal modo que muitos autores sustêm, e inclusive se
esforçaram em demonstrar que em realidade cujas preposições à primeira vista
exceptuantes, realmente não expressam uma excepção.
Em tempos recentes, existe uma corrente que
prioriza sua atenção sobre a palavra porneia,
que detecta no mesmo que não há no adultério da mulher, porém a situação conjugal
objectiva, existente entre o marido e a mulher, de onde se demonstra o matiz
exacto das preposições.
Se
a interpretação básica para o término porneia é adultério, originalmente mencionadas Mt. 19,9 provavelmente se limitava a
reproduzir a passagem 5,32 uma análise detalhada, baseada na frase seguinte de
ambos apartes, levará à conclusão de que parece que Jesus admite a
dissolubilidade do casamento, segundo Mt 19,9.
Shamaitas e Hilelitas estavam de acordo em muitos pontos de doutrina,
inclusive no rompimento dos votos matrimoniais. O que difere entre um grupo e
outro são os limites de tolerância, que o casal tem que ter para chegar ao
divórcio.[6] Os
Hilelitas ao menor sinal de um voto matrimonial que não foi bem executado, pode
ser o início da destruição do casamento, é necessário que se comuniquem e haja
compreensão. O texto evangélico nada diz acerca do novo casamento entre o
repudiante e outra mulher. Jesus apenas se pronuncia nos pontos em que
shamaítas e hileítas discordam.[7] Este
silêncio não permite afirmar que, se o repúdio se baseia na porneia, o marido repudiante fica
capacitado para novas núpcias, mediante as quais se dissolveria o vínculo. Em
5,32b, é explicado um pouco o que se diz em 5,32a segundo o qual reveste a índole
adulterina das núpcias entre a repudiada e o outro homem. Logo, igualmente são
adulterinas as núpcias entre o repudiante e outra mulher. No entanto, conforme
a 5,32a quando o acto do repúdio se baseou no adultério da mulher, o marido
repudiante não é eticamente responsável com respeito ao casamento que se
produza entre a repudiada e outro homem. O repúdio é o início do divórcio[8].
Existe
uma diferença substancial entre o conceito de Porneia/Moijeia como
ponto de referência para abordar o significado de porneia nos escritos mateanos.
Na
versão dos LXX porneuo, é o verbo que
expressa todo exercício da sexualidade com fornicação no mais amplo sentido de
relação sexual não conjugal, especialmente entre homem e mulher. Porneia e moijeia figuran entre aqueles pecados que procedem do coração e
mancham o homem (Mt. 15:19, Mc. 7:21-22).
A palavra fornicação, porneia, indica a relação sexual entre duas pessoas que não estão
casadas e outras situações mais abrangentes, Jesus menciona porneia, porque quer abranger todas as
possibilidades, o termo fornicação cobre o incesto, a bestialidade, a
homossexualidade, etc.. Adultério, moijeia,
é uma relação extra-matrimonial.
Jesus
se centra no acto, porque quer abranger todas as possibilidades, o termo
fornicação cobre o incesto, a bestialidade, a homossexualidade, etc.
O problema deles é depois da cerimónia
religiosa se acontece alguma coisa, se a pessoa pode divorciar-se. Não era
intenção de Deus que as pessoas se divorciassem, mas Jesus diz que sim, “por
causa da dureza dos vossos corações”, devido
ao pecado foi deteriorado o estilo de educação das pessoas e as suas
personalidades, o que ocasiona problemas dentro do lar, que a melhor opção é
divorciar-se, é melhor o divórcio que o sofrimento dentro do lar. Existe uma
diferença entre casamento e compromisso. O casamento é a instituição sob a qual
vivem duas pessoas. O compromisso, é a relação que existe entre as duas
pessoas. O divórcio foi permitido, porque o compromisso dentro do casal foi
quebrado por diversas razões, votos matrimoniais ou adultério que originam o
divórcio, desfazendo a instituição do
casamento. Para basear biblicamente estas
afirmações, temos I Coríntios 7,15 e Deuteronómio 22.
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