quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

1.3 Mateus 19

Em Mateus 19 vemos o diálogo entre Jesus e os fariseus. Em que os fariseus perguntavam para Jesus se era permitido repudiar a esposa, os fariseus queriam saber a opinião de Jesus, a que corrente de pensamento shamaíta ou hileíta Jesus escolheria, este por sua vez, se remete a criação do Homem em Géneses 1,27 e Géneses 2,24 em que estabelece o princípio do casamento.

Jesus começa por dizer que Moisés não ordenou mas consentiu esta circunstância para evitar o pior, o abuso e a falta de protecção que se exercia sobre as mulheres. Segundo M.L. Lagrange19, Moisés não prescreveu a repudiação mas regularizou a sua legislação, incluindo a permissão da repudiação, face a um povo que tinha deixado para trás a vontade de deus sobre o casamento. Jesus disse-lhes claramente que Moisés viu-se obrigado de legislar sobre o assunto da repudiação por causa da dureza dos seus corações (sklerocardía). Este termo só aparece três vezes no Novo Testamento (Mateus 19.8; Marcos 10.15; 16.14) mas encontramos muitas vezes na LXX com um significado muito forte. A dureza do coração está relacionada com a ruptura da aliança e segundo Gnilka20 “isso indica o coração humano insensíveis para as diferentes


instruções, consequência da desobediência contínua” (cf. Deuteronómio 10.16; Jr 4.4; Siracidas 16.10). é a razão para a qual Moisés consentiu em permitir esta prática21.
            Jesus, porém, não quer revogar uma norma. Ele reconhece-a mas com a sua autoridade (exousía) ele expõe o seu desejo de excedê-la ao invocar a intenção original do plano de Deus.[1]
Nos tempos de Jesus havia duas fases dentro do casamento: quando as pessoas se casam pelo civil e estão comprometidas, era aceitado o divórcio, porém quando havia a cerimónia religiosa para eles não havia mais dissolvição. Este foi o caso bíblico de José e Maria[2] O problema deles é depois da cerimónia religiosa se acontece alguma coisa, se a pessoa pode divorciar-se. Não era intenção de Deus que as pessoas se divorciassem, mas Jesus diz que sim, “por causa da dureza dos vossos corações”, devido  ao pecado foi deteriorado o estilo de educação das pessoas e as suas personalidades, o que ocasiona problemas dentro do lar, que a melhor opção é divorciar-se, é melhor o divórcio que o sofrimento dentro do lar.
             Existe uma diferença entre casamento e compromisso dentro do mesmo. O casamento é a instituição sob a qual vivem duas pessoas que têm um compromisso. O compromisso, é a relação que existe entre as duas pessoas. O divórcio foi permitido, porque o compromisso dentro do casal foi quebrado por diversas razões, votos matrimoniais ou adultério que originam o divórcio, desfazendo a instituição do casamento.
            Praticamente todos os eruditos modernos têm a mesma opinião segundo o qual os incisos de Mateus, 5,32 e 19,9 são autênticos no sentido de escritos pelo mesmo evangelista, porém não pertencem a frase original de Jesus, foram incorporados, em resposta a algum importante problema existente entre os destinatários, de seu evangelho. Se os apartes pertencessem as palavras originais, então surpreendentemente tanto Marcos como Lucas reproduzem o que Jesus disse não integralmente, mas somente algumas partes.[3]
            O problema reside em uma preposição gramatical com a que se abre cada um de ambos os versículos, e sobre o vocábulo porneia existente em cada um deles. Jesus reconhece que ambos têm que ser fiéis, porque a sociedade do Novo Testamento, aceitava a poligamia, em que o homem na parte referente a fidelidade sexual, não fazia

votos de ser de uma só mulher, porém a mulher sim, tinha que ser de um só marido. O adultério para o homem nesta altura era considerado pecaminoso, mas não era um motivo para divorciar-se, porque segundo o que eles acreditavam não quebrou nenhum voto matrimonial. Para eles era considerado parte da vida normal, ter relações extra-conjugais[4], para eles o voto matrimonial era considerado como sendo comida, roupa e amor, embora algumas correntes judaicas aceitavam como sendo quebra do voto matrimonial, a falta de respeito e o modo como se comunicavam um com o outro.[5]
            Durante séculos o trabalho exegético assumia ao termo porneia o significado de adultério, cometido pela mulher, apoiando assim o repúdio por parte do marido. A exégesis se concentrou sobre a preposição no início, de tal modo que muitos autores sustêm, e inclusive se esforçaram em demonstrar que em realidade cujas preposições à primeira vista exceptuantes, realmente não expressam uma excepção.
             Em tempos recentes, existe uma corrente que prioriza sua atenção sobre a palavra porneia, que detecta no mesmo que não há no adultério da mulher, porém a situação conjugal objectiva, existente entre o marido e a mulher, de onde se demonstra o matiz exacto das preposições.
            Se a interpretação básica para o término porneia é adultério, originalmente mencionadas Mt. 19,9 provavelmente se limitava a reproduzir a passagem 5,32 uma análise detalhada, baseada na frase seguinte de ambos apartes, levará à conclusão de que parece que Jesus admite a dissolubilidade do casamento, segundo Mt 19,9.  Shamaitas e Hilelitas estavam de acordo em muitos pontos de doutrina, inclusive no rompimento dos votos matrimoniais. O que difere entre um grupo e outro são os limites de tolerância, que o casal tem que ter para chegar ao divórcio.[6] Os Hilelitas ao menor sinal de um voto matrimonial que não foi bem executado, pode ser o início da destruição do casamento, é necessário que se comuniquem e haja compreensão. O texto evangélico nada diz acerca do novo casamento entre o repudiante e outra mulher. Jesus apenas se pronuncia nos pontos em que shamaítas e hileítas discordam.[7] Este silêncio não permite afirmar que, se o repúdio se baseia na porneia, o marido repudiante fica capacitado para novas núpcias, mediante as quais se dissolveria o vínculo. Em 5,32b, é explicado um pouco o que se diz em 5,32a segundo o qual reveste a índole adulterina das núpcias entre a repudiada e o outro homem. Logo, igualmente são adulterinas as núpcias entre o repudiante e outra mulher. No entanto, conforme a 5,32a quando o acto do repúdio se baseou no adultério da mulher, o marido repudiante não é eticamente responsável com respeito ao casamento que se produza entre a repudiada e outro homem. O repúdio é o início do divórcio[8].
            Existe uma diferença substancial entre o conceito de Porneia/Moijeia como ponto de referência para abordar o significado de porneia nos escritos mateanos.
            Na versão dos LXX porneuo, é o verbo que expressa todo exercício da sexualidade com fornicação no mais amplo sentido de relação sexual não conjugal, especialmente entre homem e mulher. Porneia e moijeia figuran entre aqueles pecados que procedem do coração e mancham o homem (Mt. 15:19, Mc. 7:21-22).
             A palavra fornicação, porneia, indica a relação sexual entre duas pessoas que não estão casadas e outras situações mais abrangentes, Jesus menciona porneia, porque quer abranger todas as possibilidades, o termo fornicação cobre o incesto, a bestialidade, a homossexualidade, etc.. Adultério, moijeia, é uma relação extra-matrimonial.
            Jesus se centra no acto, porque quer abranger todas as possibilidades, o termo fornicação cobre o incesto, a bestialidade, a homossexualidade, etc.
O problema deles é depois da cerimónia religiosa se acontece alguma coisa, se a pessoa pode divorciar-se. Não era intenção de Deus que as pessoas se divorciassem, mas Jesus diz que sim, “por causa da dureza dos vossos corações”, devido  ao pecado foi deteriorado o estilo de educação das pessoas e as suas personalidades, o que ocasiona problemas dentro do lar, que a melhor opção é divorciar-se, é melhor o divórcio que o sofrimento dentro do lar. Existe uma diferença entre casamento e compromisso. O casamento é a instituição sob a qual vivem duas pessoas. O compromisso, é a relação que existe entre as duas pessoas. O divórcio foi permitido, porque o compromisso dentro do casal foi quebrado por diversas razões, votos matrimoniais ou adultério que originam o divórcio, desfazendo a instituição do
casamento. Para basear biblicamente estas afirmações, temos I Coríntios 7,15 e Deuteronómio 22.




[1]Miguel Ángel Roig, Jesus e a Questão da Repudiação en LEHMANN, Richard. Le Marriage Questions Bibliques et Theologiques Vol 1, Editions Vie Santé 2007

[2] ALMEIDA, João Ferreira de. Op. Cit, Mt 1,18-19
[3]ADAMS, J.E.  Op. Cit., p. 95
[4] BREWER, David Instone. Op. cit, p. 226
[5] Ibid,  pp.218 e 225
[6] Ibid, p.165

[7] BREWER, David Instone. Op. cit, p. 228
[8] HEINZ, Hans, A repudiação e o divórcio, en LEHMANN, Richard. Le Marriage Questions Bibliques et Theologiques Vol 1, Editions Vie Santé 2007


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