“Para a reforma protestante, o divórcio é
permitido, com o direito de casar-se novamente quando é causado por adultério,
abandono ou recusa do dever conjugal. O casamento, é um acordo, não é um
sacramento. O casamento pode se dissolver. O casamento não é inferior ao
celibato”[1]
A permissão de casar-se novamente é
permitida se existe imoralidade sexual antes do divórcio ou após o mesmo, ou
ruptura dos votos matrimoniais.
Na mentalidade bíblica e judaicas os
votos matrimoniais são aspectos importantes, que constituem o compromisso entre
o casal, porque trata da convivência entre o casal, se os aspectos da
convivência não estão bem e existe a ruptura dos votos matrimoniais, isto se
torna em base para divorciar-se, porque o compromisso está começando a ser
quebrado por alguma razão. Ambos podem ser ocasionadores da ruptura dos votos
matrimoniais. Os rabinos tinham limites estabelecidos para delimitar o que era
ou não, a ruptura dos votos matrimoniais. Enquanto que na mentalidade
greco-romana, lhes importava mais, não o facto de divorciar-se ou não, que isso
dependia da vontade do casal, mas a situação económica que o marido divorciado
deveria prover para a ex-esposa e seus filhos.[2]
Ao contrário de algumas opiniões o
divórcio é um conceito bíblico. A Bíblia reconhece e regula o divórcio. Convém
que a igreja aplique aos casos reais de divórcio os princípios que existem nas
Escrituras à respeito.
Em
uma leitura superficial do que diz a Bíblia à respeito do divórcio, ficamos com
a impressão de que esta o condena e denuncia. Podemos pensar que as Escrituras
não dizem nada de positivo sobre o divórcio. A Bíblia não guarda silêncio sobre
o tema do divórcio, e nem sempre condena o divórcio.
Se
Deus em uma época se divorciou de Israel, é um erro condenar o divórcio somente
porque foi concretizada uma separação, o divórcio pode não ser o ideal de Deus,
mas pode ser uma solução viável para terminar com o sofrimento.
É
importante desenvolver uma atitude bíblica equilibrada sobre o divórcio, No
caso de Esdras, reconhece-se que o próprio Deus demonstrou que pode ser necessário
divorciar-se.[3]
Os
que obtêm um divórcio não devem ser excusados pelo facto que cometeram um
pecado. Deus perdoa o facto de divorciar-se, Porém a vida da pessoa fica
marcada, fazendo parte de um aprendizado, e sendo a pessoa lavada no sangue de
Cristo. O conceito de divórcio, na altura dos apóstolos era diferente do
conceito que hoje temos. É necessário termos cautela quando tratamos deste
assunto, pois muitas pessoas indirectamente sofrem as consequências deste
evento. O divórcio é perdoado tal como se perdoa os alcoólatras e homossexuais
arrependidos como é citado em 1Cor. 6,9-11.
Quando Jesus mencionou o pecado imperdoável, assegurou de que todos os outros
pecados são perdoáveis,[4] e
como o divórcio pertence a esta categoria, chegamos à conclusão de que também é
perdoável. O único pecado imperdoável é aquele que atenta contra o Espírito
Santo. Se o divórcio é perdoado por Deus, deve também ser perdoado pela igreja
e por seus membros.
As
palavras de Jesus sobre o divórcio contribuem para esta conclusão. Em vez de
falar do divórcio como parte da ordem de Deus, Jesus reconhece que constitui
uma mudança, porque não foi assim desde o princípio, é referido que foi
permitido devido a dureza do coração dos judeus, que Moisés permitiu o divórcio.[5]
Moisés permitiu o divórcio, para que os ideais do Éden e de uma sociedade sem
pecado permanecessem, e que as pessoas praticassem a monogamia.[6] O
facto de que Deus não estabelecesse o divórcio é uma razão pela qual a igreja
teve problemas na consideração da sua prática.
O
divórcio aparece primeiro nos anais bíblicos como uma prática bem desenvolvida
indicando que já estava bem estabelecido e era conhecido. Existe um vocabulário
técnico para carta de divórcio e também existe um processo passo a passo, por
meio do qual pode ser obtido. O divórcio no Antigo Testamento é mencionado de
várias formas[7]. Sobre o qual Deus através de Moisés exerceu uma
função reguladora[8] Devido a que Moisés regulamentou o divórcio, não
o proibiu directamente, Jesus confirma que Moisés o permitiu. O divórcio, já
era uma prática comum. Quando Moisés escreveu o Pentateuco e deu suas leis ao
povo.
Se
Moisés permitiu o divórcio, regulamentando-o, não proibindo-o, não se deve ter
a idéia de que Deus meramente deixou passar o divórcio. Deus não omitiu o caso
nem o denuncia como prática, porém por sua vez, leva em conta a existência e
faz algo sobre o mesmo:
- Para assegurar-se
que está permitido sob determinadas circunstâncias somente, e não sob outras.[9]
- Quando se realize,
faça-se com ordem.
·
Os que obtêm
um divórcio sabem quais são suas possíveis consequências.[10] É sem dúvida, correcto dizer que nas Escrituras Deus reconhece a existência
do divórcio e o regula cuidadosamente. Nossa posição, tem
que ser a mesma. Nem temos que fingir
que o divórcio não existe, muito menos censurá-lo simplesmente, os dirigentes e
responsáveis, temos de procurar também regulá-lo,
segundo o princípio apresentado na Bíblia.
[1] ELDREDGE, Robert Sir. Op. Cit, p.
114
[2] BREWER, David Instone. Divorce and Remarriage in the Bible – The Social and Literary Context,
Michigan : Grand Rapids , 2002, p. 213 e 216
[3] Ver Esdras 10,2.3.11.19. Estas passagens esclarecem que foi feito um pacto
com Deus para divorciar das esposas estrangeiras, visto que os dirigentes
governamentais denunciaram a teoria que pregavam, do estilo de vida que levavam.
Cento e treze divórcios tiveram lugar como resultado do arrependimento para honrar
a Deus. Sem dúvida, os divórcios não são maus, porque todos os divórcios são ocasionados
pelo pecado.
[4] ALMEIDA, João Ferreira de. Bíblia Sagrada, São Paulo: Sociedade Bíblica Trinitariana do
Brasil, 1995, Mateus 12,31
[5] ALMEIDA, João Ferreira de. Bíblia Sagrada, São Paulo: Sociedade Bíblica Trinitariana do
Brasil, 1995, Mt 19,8
[6]BREWER, David Instone. Divorce and Remarriage in the Bible – The
Social and Literary Context, Michigan : Grand Rapids , 2002, p. 173
[7]ALMEIDA, João Ferreira de. Op.
Cit, Lv. 21,7.14; 22,13; Nm. 30,9; Dt. 22,19. 29; 24,1-4; Is. 50,1; Jr.
3,1-8; Ez. 44,32; Mal. 2,14.16.
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