Os pastores têm que auxiliar os casais
que estão em situações de crise, ouvindo primeiramente o casal junto, após esta
primeira secção, ouví-los em separado. O objectivo da intervenção pastoral é dar
uma nova perspectiva do problema, contribuindo para o encontro da melhor
solução.
Segundo Kaslow em uma situação de uma
ruptura quase iminente, o pastor tem que levar em consideração em que as
pessoas em questão podem haver se casado muito jovens, com o intuito de satisfazer
certas fragilidades pessoais ou próprias da idade.[1]
Segundo Murray Bowen citado no mesmo
livro acima mencionado, a ruptura pode produzir a que as pessoas se sintam atraídas
por pessoas que tinham o mesmo nível de maturidade emocional, independentemente
do seu nível intelectual ou cultural.[2] Por
sua vez Markowitz e Kadis, outros
autores citados no mesmo contexto, dizem que o desacordo conjugal, reside na
estrutura familiar que a pessoa viveu na infância[3],
projectando deste modo, o que viveu para a sua vida actual.
Segundo o estudo de Napier, outro
especialista nesta área, ele analisou que enquanto um dos cônjuges procura o
afastamento e a independência, o outro procura a aproximação e a dependência,
um deles quando era criança foi muito absorvido pelos pais, a outra pessoa, por
outro lado se sentia abandonada e rejeitada[4].
“O
esquema mental herdado da família de origem, misturado com o temperamento e o
carácter do indivíduo, é extremamente importante para determinar a escolha do
companheiro e as expectativas sobre a vida conjugal.” [5]
Quando
o pastor começa a escutar frases do estilo: “ele/ela nunca me fala”, já se pode
notar a desvalorização conjugal, críticas generalizadas à sua personalidade
como também específicas. Segundo John Gottman, citado no livro Le Marriage Questions Bibliques et
Theologiques Vol 2, o desprezo também representa uma mensagem
emocional e uma intenção de insultar o cônjuge.
Abarca o uso de insultos, um humor sarcástico, troça e linguagem corporal que
exprime o desgosto e a falta de respeito.[6]
“A atitude defensiva aparece
frequentemente legítima, mas ela inclui comportamentos que tendem a produzir
uma escalada do conflito, tais como: a recusa de reconhecer a sua
responsabilidade, a apresentação de desculpas, uma leitura negativa da intenção
do cônjuge, e responder a queixas com outras queixas, dizendo “sim, mas…”,
repetir as frases do cônjuge a choramingar.”[7]
Quando se exprime desaprovação e uma distância
glacial por meio de um silêncio pesado.
Embora as atitudes mencionadas acima possam
manifestar-se algumas vezes sem causar muito estrago, a manifestação habitual
desses comportamentos revela que o casamento está fragilizado.
O pastor deve apoiar os membros que estão passando por esta situação,
como também instruir os membros da congregação a não discriminarem estes
membros e a tratá-los bem, como qualquer outro membro. Deve também saber que o
ritmo de recuperação em caso de divórcio, é diferente para cada cônjuge, bem
como entre adultos e crianças.
Não se deve guardar rancor deste casal que tem problemas, por romper o
casamento ou estar em vias de ruptura. O pastor deve instruir a igreja a evitar
comentários e ajudá-los e apoiá-los com amor cristão.
O pastor ao apoiar pessoas divorciadas, tem que levar em consideração o
ciclo do luto branco e orientá-las de acordo com a fase em que se encontram. É
necessário que o ajude a expressar os seus sentimentos de depressão, pena ira e
frustração,[8]
ajudando-as a perdoar o ex-cônjuge por cada acto que tenha prejudicado a
pessoa.
“1-A intervenção num período de
crise 2- O apoio e as directivas 3- O exame do seu casamento e das relações
familiares 4- o trabalho de gestão do desgosto. No momento da intervenção e de
um período de crise a presença do pastor com uma atitude tranquila e uma achega
concreta aos problemas, ajudará os cônjuges e os filhos a gerir melhor o
turbilhão emocional. Escutando a
historia de cada um e ajudando a
dar-lhe sentido no contexto da vida de cada um, o pastor facilitará a mudança
da carta ou do mapa interior e trará uma certa ordem ao caos emocional
resultante da ruptura.”[9]
O
pastor, como uma pessoa que está constantemente envolto com as crises
existenciais e pessoais dos seus membros, necessita aceitar as pessoas como são
e como estão, procurando que estas se auto-valorizem e tenham auto-estima,
sendo sempre sinceras consigo mesmas, convivendo com elas, para que elas possam
quando precisem de auxílio, recorrer ao pastor como primeira opção. O pastor deve
levar ao membro necessitado à mudança e ao entendimento, aplicando todo o
conhecimento teológico disponível, para que o problema da pessoa possa ser
resolvido e para que a pessoa possa manter-se restaurada, porque em última
análise é a pessoa que decide mudar e crescer ou ficar como está, sendo animada
pelo pastor a continuar e sendo administrada para a pessoa a esperança e paz
necessárias.[10]
Os membros devem ser solidários com as pessoas que
vivem esta situação como também em todas as situações da vida, por isso, são
cristãos, mas tanto membros como principalmente o pastor, devem ter a
sensibilidade de aconselhar a pessoa a procurar a ajuda de um psicólogo.
O
pastor deve orar muito durante todo o processo e estudar cada caso
detalhadamente, para que possa aplicar os conselhos e conceitos bíblicos
adequados[11]
e não aconselhar a pessoa, segundo o que lhe pareça melhor. O pastor deve ser
uma pessoa neutra em todas as situações que lhe possam surgir.
Segundo
o psicólogo Lawrence Brammer citado no livro, os passos que o pastor tem de
seguir para resolver o problema do membro são os seguintes:
·
Conhecer o problema do membro
·
Clarificar o problema e objectivos para
encontrar uma solução
·
Saber quais são os sentimentos, a
conduta e pensamentos da pessoa
·
Planificar como resolver o problema
·
Colocar a resolução em prática
·
Avaliar o processo percorrido
O processo de aconselhamento dependerá muito da
personalidade da pessoa que aconselha e da personalidade da pessoa que é
aconselhada.
O
aconselhador tem que ter muito cuidado ao aconselhar, deve ser uma pessoa
neutra, ouvindo sempre as duas partes, porque os seus conselhos podem ser
influenciados pela sua educação e experiências vividas. É importante manter uma
atitude optimista, estar bem fisicamente: dormir bem, estar descansado, sem
dores, porque o estado físico vai condicionar a escuta activa, como também os
conselhos dados.[12]
Manter o segredo profissional também é muito importante, o conselheiro só deve
tratar o assunto ou mencioná-lo com as pessoas envolvidas.
Antes
de dar um conselho, a pessoa deve estudar bem o caso, que tem em mãos, bem como
a consequência a longo prazo do conselho dado, na felicidade ou infelicidade da
pessoa que pede o conselho. O conselheiro não deve tentar ajudar a pessoa
aconselhada, porém as vezes, ajudar a pessoa que pede conselho faz parte do
processo de cura. Muitas vezes o conselheiro não pensa nesta importante parte
da sua função. É importante ter todos os detalhes da situação, para que a
situação seja bem resolvida, porque manter o segredo contribui para o aumento
de confiança.[13]
As
palavras do conselheiro são importantes, porque são levadas como ensino,
advertência ou instrução. O pastor não deve dizer “é exactamente isto que deves fazer”, quando isto acontece o
conselheiro, toma a responsabilidade da solução do problema e se o conselho não
for acertado, o conselheiro é que tem a culpa.[14]
O
apoio em uma situação de crise, seja ela qual for, tem que ser eficaz e não
pode demorar muito, no máximo uma noite, depois da pessoa ter pedido ajuda,
porque a pessoa quando precisa de apoio dependendo do seu estado pode estar
ansiosa, desesperada e em casos extremos pode suicidar-se. O melhor a fazer é
atender a pessoa o mais rápido possível, nem que seja necessário parar o que
esteja fazendo no momento, porque quando uma pessoa tem um problema, dependendo
da sua dimensão, ela pode agir precipitadamente.[15]
O pastor deve ajudar
a pessoa que compreenda a causa dos eventos ocorridos, relacionando e
explicando-os.
[1] LEHMANN, Richard. Le Marriage Questions Bibliques et Theologiques Vol 2, Editions Vie
Santé, 2007, pp. 220-221
[9] Lucio Altin, Directives pour les soins
pastorear faveur des membres d’eglise divorcée et leur famille, LEHMANN,
Richard. Op. cit, p.
235-236
[10] WRIGHT, Norman. Cómo Aconsejar
en Situaciones de Crisis, Barcelona: Clie, 1990, p. 48-51
[11] Ibid, p. 54
[12] WRIGHT, Norman. Op.cit, p. 60-61
[13] Ibid, p. 63
[14] Ibid, p. 64
[15] Ibid, pp. 86-87
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